Osasco-SP, 28 de setembro de 2012. Trinta e nove piauienses de Flores do Piauí arrumam as malas e embarcam com direção a terra natal abordo de um ônibus da empresa Adventure Tur, cor azul, placa AIY-9365. Não se tratava de uma volta definitiva para casa, mas apenas um passeio de alguns dias. Os sertanejos tiveram a oportunidade de matar a saudade de seus familiares e amigos e ainda exerceram cidadania, já que puderam votar nas eleições municipais daquele ano, realizadas no dia 07 de outubro. É nesse ponto que começa uma confusão que foi parar na justiça.

Eleitores de Flores do Piauí são acusados de receber dinheiro para não votar; prefeito é cassado

A viagem deu origem a uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Piauí desde 31 de outubro de 2012. O prefeito Evaldo Ferreira da Costa (PMDB), à época candidato ao cargo, é acusado de patrocinar o deslocamento dos 39 eleitores em troca de votos na eleição municipal.

O pedido de cassação do gestor por compra de votos partiu de Raimundo Gonsaga (PTB) e Walter Alves Saraiva (PT), candidatos a prefeito e vice, respectivamente, derrotados no pleito eleitoral.

O crime teria sido confessado, durante comício realizado em Flores do Piauí no dia 30 de setembro de 2012. Nossa reportagem teve acesso à transcrição do pronunciamento que está anexada ao processo. Veja o que o prefeito eleito disse:

Na primeira instância, o juiz da 72ª Zona Eleitoral julgou improcedente a denúncia, mas o procurador regional eleitoral, Kelston Pinheiro Lages, não concorda com a decisão e está defendendo no Tribunal Regional Eleitoral a cassação do prefeito Evaldo Ferreira (PMDB) e do vice-prefeito Manoel Gomes  (PSB) por abuso de poder/captação ilícita de sufrágio consubstanciado no transporte de eleitores do Estado de São Paulo para Flores do Piauí.

“Com efeito, o autor apresentou provas constitutivas do pedido e, de conseguinte, confirmatória da consumação do ilícito. Os investigados não apresentaram nenhuma prova capaz de desconfigurar o ilícito em questão”, argumenta o procurador Kelston Pinheiro Lages em parecer sobre o caso.

O processo está concluso para julgamento no gabinete do relator , Juiz Jose Wilson Ferreira de Araújo Júnior.