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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Gustavo Almeida

almeidajornalista01@gmail.com

11/02/2014 - 14h12

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Gustavo Almeida

almeidajornalista01@gmail.com

11/02/2014 - 14h12

Eu vivo em um mundo. Mas que mundo é esse?

 

 

Um menino tão jovem não era para ter essa dúvida. Não saber ao certo em que mundo vive parece até ser espantoso. Mas não é! Estranhar o mundo em que vivo é realmente algo que vem acontecendo comigo. Dizem por aí que vivo em uma era moderna, em um tempo de civilização sofisticada e que sou contemporâneo do progresso. Mas, acompanhando os noticiários e vivenciando o tempo presente eu logo me ponho a pensar. Será?

 

Nasci lá no Sertão do Piauí, em um passado razoavelmente recente, afinal, os anos 90 ainda estão aí fresquinhos. Naquela região fui rigorosamente ensinado a respeitar as pessoas, a pedir a benção aos mais velhos e a agir como cidadão do bem. Enfim, fui ensinado a ser GENTE. Gente que viveria em um mundo. Mundo este que seria bom.

 

Mas, lamentavelmente, aqueles ensinamentos têm sido maltratados por esse mundo atual que chamam de moderno. Hoje vivemos (eu e você) em uma sociedade onde não somos livres e onde andamos amedrontados. Pelo que percebo, vivo em um país atolado numa lama da pior qualidade. Num mundo onde as crueldades se multiplicam a cada amanhecer e onde a esperança de tempos melhores se subtrai a cada anoitecer.

 

Abro um jornal e vejo crime. Ligo a TV e vejo crime. Saio de casa temendo o crime e no trabalho noticio o crime. Jovens assassinados, mulheres violentadas, gente esquartejada, idosos espancados, profissionais ceifados no exercício da profissão e tantas outras barbáries. Diante de tudo isso, remeto-me a minha infância na minha região e começo a refletir: é esse o mundo moderno? Essa civilização é sofisticada?

 

Que progresso é esse, se décadas atrás as pessoas sentavam nas calçadas e hoje vivem com grades nas portas? Do que adianta os celulares caros se não posso usá-los tranquilamente no meio da rua? Infelizmente é essa a nossa realidade. As coisas mudaram muito nesse tal de mundo. Crimes sempre existiram na humanidade, mas jamais da maneira banal, fria e tão natural como atualmente.

 

Talvez fosse bom lá na época dos nossos avós, quando todos se respeitavam. Quando se podia confiar naquele que batia na porta a qualquer hora da noite (não digo durante o dia porque elas já ficavam abertas). Eram tempos de uma sociedade amigável, de homens e mulheres de fé. Tempos de cidadãos com firmeza de caráter e de mais amor no seio social. Hoje, os que carregam esses atributos são vítimas daqueles que preferem a vereda do ilícito.

 

Aquele tempo sim eu ouso chamar de civilizado. Mas, se tiver alguém disposto a dizer que civilizado é o tempo em que se mata a queima-roupa, em que se acende criminosamente um rojão perto de quem está trabalhando ou em que se esquarteja e joga dentro de uma mala, pode ficar a vontade para discordar de mim. Afinal, posso até estar errado, pois nem mesmo sei em que mundo vivo.

Gustavo Almeida

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