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Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

13/03/2017 - 11h29

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

13/03/2017 - 11h29

Luzilândia: 127 anos

 

Luzilândia completa, em 10 de março, 127 anos de Vila e de cidade piauiense. Situada à margem direita do rio Parnaíba, originou-se de uma fazenda de gado conhecida como Estreito, iniciada em 1870 pelo português João Bernardino de Souza Vasconcelos.

 

Os primeiros momentos da história de Luzilândia podem ser contados pelos descendentes dos portugueses, que encontraram os primeiros habitantes. Um povo indígena e nômade que detinham uma cultura própria, moravam em palafitas, comunicavam-se numa língua nativa.

 

“Nos primeiros dias, os índios fervilhavam como formigas nos vales dos rios do Piauí” (Odilon Nunes, in “Estudos de História do Piauí”).

 

Os pioneiros no cultivo da terra fértil, margeada por enorme rio perene, o rio Parnaíba, foram a família Carvalho, que chegou à região oriunda da Fazenda Catinguinha no vizinho Maranhão e teve em João Francisco de Carvalho e Anna de Deus Pires Ferreira os proprietários da casa-grande da Fazenda Cabeceiras dos Carvalhos.

 

A área já repovoada pelos Pires Ferreira e Castelo Branco (estes últimos, os primeiros colonizadores do norte do Piauí) era tida como território de Barras, desde 1841. Em 1890, a propriedade de João Bernardino crescera e havia se transformado em promissor povoado.

 

“Para mais de 400 habitantes... e comporta(va) este lugar mais cento e tantos habitantes emigrantes da Província do Ceará, flagelados pelos rigores da seca” (trecho extraído do livro “Um Tributo a Mons. Jonas, de Ivanildo di Deus”).

 

Os esforços e influência do coronel João Francisco de Carvalho Filho e do senhor Augusto Gonçalves do Vale, levaram o então Governador do Piauí, Gregório Taumaturgo de Azevedo, pelo Decreto nº 17, de 10 de março de 1890, a elevar o povoado à categoria de Vila com a denominação de Porto Alegre.

 

No dia 6 de abril de 1931, pelo Decreto nº 1.197, mudou-se a denominação de Porto Alegre para Joaquim Távora, e criou-se a comarca deste nome, compreendendo também o Distrito Judiciário de Boa Esperança, hoje Esperantina.

 

Quatro anos depois, a Lei n° 12, de 17 de outubro de 1935, fez voltar à anterior denominação de Porto Alegre. No dia 15 de dezembro de 1938, pelo Decreto Estadual nº 147, a Vila Porto Alegre foi elevada à categoria de cidade, atendendo às disposições do Decreto Federal nº 311, de 2 de março do mesmo ano. Mas em 1943, devido à proibição da duplicidade de topônimos, foi rebatizada Luzilândia, em homenagem à Padroeira Santa Luzia.

 

Município pertencente ao Baixo Parnaíba do Norte Piauiense, é banhado por rio, riachos e a lagoa do Cajueiro (Luzilândia/Joaquim Pires) e por isso possui extensão territorial propícia para a agricultura e a pecuária, sua vocação primária, e também a atividade comercial, já que divisa territorial e economicamente com o mercado do Maranhão.

 

A guisa de exemplificação, convém lembrar que as primeiras cidades datam de 3500 a.C. na região da mesopotâmia compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, no Iraque. Suas origens se deram para o ser humano se relacionar com maior estabilidade, maior intensidade e tempo em determinado lugar para trabalhar com ocupações mais especializadas, como o comércio, estoque de produção agrícola e o poder centralizado na comuna.

 

Daí gerar os governos municipais que são aqueles mais próximos do cidadão, em suas respectivas cidades. Com eles, o contribuinte poder tentar estabelecer uma relação mais próxima e conquistar a plena execução dos direitos dos cidadãos.

 

Com a urbanização das cidades modernas, os governos municipais passaram a exigir mais sofisticação e departamentalização da administração pública, que é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do município que procuram satisfazer as necessidades da sociedade, tais como educação, saúde, saneamento básico, cultura etc. É, portanto, os interesses públicos por meio da prestação dos serviços públicos.

 

Esta é a principal dificuldade por que passa Luzilândia hoje em dia, permeada de uma administração pública que não condiz com os verdadeiros anseios do seu povo e com o incremento dos setores públicos municipais com vistas a aplacar as suas necessidades mais emergenciais.

 

Ao contrário. O que se observa ultimamente são alguns gestores que não estão à altura das tradições da boa e eficiente gestão vivida pelos munícipes em período não muito distante de uma jovem telúrica que marcou indelevelmente a comunidade com feitos, benfeitorias e realizações em benefício da coletividade, onde o povo era o poder.

 

A administração municipal hoje padece de uma desordem administrativa que contribui para a precarização dos serviços públicos. E uma das medidas a serem reforçadas diz respeito à estruturação da rede de educação para melhorar o aprendizado do alunado, semente para o futuro da municipalidade.

 

A saúde pública é conditio sene qua non para a higidez e saudabilidade da população. Deve seguir cartilha licitatória para aquisição de medicamentos em quantidade satisfatória para atender os doentes em situações desfavoráveis. Os postos de saúde do município devem funcionar com melhores condições de acudir os mais necessitados. Os dentistas devem receber o apoio oficial para desenvolver os trabalhos odontológicos.

 

Para fazer a diferença na gestão, não adianta inventar, precisa de uma equipe de assessores experiente e capacitada para azeitar a engrenagem da máquina administrativa, com funcionários motivados, por serem respeitados os seus direitos, com salários integrais e em dia, enfim, todos cônscios das suas responsabilidades e compenetrados das diretrizes administrativas emanados do comando executivo municipal.

 

O exercício do poder executivo deve ser o mais democrático e racional possível. Não se concebe perseguição, ou seja, demitir por demitir, e uma guarda municipal, está provado, é de suma importância. A banda de música é o símbolo da arte, sensibilidade e encantamento da comunidade, não podendo, pois, seus membros serem tratados como refugo.

 

O patrimônio público é de todos. Portanto, deve ser preservado a todo custo. As máquinas e a frota de carros e veículos devem ser protegidas para utilização a serviço do bem comum.

 

Toda administração eficaz tem organograma objetivo e enxuto, não autorizando nomeações para cargos inexistentes. A limpeza pública é o cartão-postal da cidade, pois ela deve sempre ser limpa e bem cuidada.

 

E não pode blefar. Se em dificuldades financeiras, o exemplo deve vir do núcleo do poder, ou melhor, todos agindo sempre com a austeridade peculiar, e não querer decretar estado de emergência administrativo-financeiro para depois gastar com promoção de festas, e, o pior, de afogadilho, como o desorganizado Carnaval.

 

Por fim, a bela e encantadora cidade de Luzilândia completa, neste 10 de março de 2017, seus 127 anos de vida, com muita bravura e determinação dos seus filhos e filhas que ao longo de todo esse tempo souberam honrar com galhardia e intrepidez todas as fases da sua benfazeja história. Parabéns Luzilândia! Sua luta e sua glória merecem todos os encômios!  

 

Deusval Lacerda de Moraes e Antônio dos Reis Azevedo Neto

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