Tenho horror a violência ! Pavor de bandidos! E tenho crítica, muita crítica à imprensa: falo da minha área ... da minha aldeia. Mas faço aqui algumas ponderações após ter assistido a entrevista, tão comentada, da jornalista Denise Freitas feita com o Coronel Carlos Augusto. Meu respeito aos dois. Mas detive-me em cada comentário. A cada leitura meu espanto e pavor! Estamos doentes! Deu para perceber o quanto estamos nos "assemelhando aos bandidos". Li ameaças de morte, desejo de que a jornalista sofresse violência entre outros brados dignos do fascismo que povoam mentes e se exacerbam nas redes sociais. Estamos muito doentes. Poucos perceberam que tanto o comandante como a jornalista estão do mesmo lado. Ou seja: contra a violência, contra o descontrole e querendo cada um no seu lugar de fala, a resolução da lamentável situação típica de uma sociedade insalubre, desempregada, fraca, desprovida de leis firmes, débil, resultante de um país corrupto e de sentimento de paz.
Causa-me um profundo sentimento de desesperança observar que pessoas que fizeram a caminhada da fraternidade, que frequentam missa, cultos etc... pregarem a violência a um ser humano que está simplesmente exercendo seu direito ao trabalho e a opinião.
Deixo claro que não existe isenção no jornalismo! Nunca existiu e nem existirá. Cada profissional carrega convicções, ideologias, orientações e formação.
Contudo, antes da pedra - a Flor. Mais compreensão e mais capacidade de discernimento.
Lamento, sim, a falta de tempo para um assunto tão sério como a violência . Penso que se o tempo era curto, melhor nem ter feito a entrevista. Infelizmente esse engessamento de telejornalismo com modelos/matriz empurrado goela abaixo de afiliadas prejudica o raciocínio e a exposição de diferentes pontos de vista com mais serenidade.
O comandante precisava, sim, de tempo e a jornalista também. Ambos foram vítimas do cronômetro infame dos breaks.
De minha parte e, de uma maneira pessoal e respeitosa, meu apoio a Denise Freitas e sua família. Minha admiração aos policiais que trabalham duro enxugando gelo de quem quer utopicamente uma sociedade sã. Mas imploro que nunca usemos o fascismo como escola - porque se desaprendermos o respeito às pessoas que, muitas vezes, sequer conhecemos - estaremos reprovados para a vida!
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Jacqueline Lima Dourado é jornalista e professora Dra. da UFPI
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