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Quinta-feira, 28 de março de 2024
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VC no Acesse

acessepiaui@hotmail.com

18/07/2017 - 08h36

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VC no Acesse

acessepiaui@hotmail.com

18/07/2017 - 08h36

Negócio rentável: fabricar tornozeleiras eletrônicas

Reza o manual do empreendedor: é nos momentos de crise que surgem as melhores oportunidades. Para lograr êxito, bastam “visão prospectiva, criatividade e ousadia”. Falta-me competência para negar ou validar a sentença. Como se sabe, sou absolutamente inservível para as coisas rentáveis.

 

Certa feita, um ex-aluno, hoje economista e professor universitário, convidou-me para proferir uma palestra sobre um tema que conheço tanto quanto sei de física quântica: empreendedorismo. Expliquei ao cidadão que não entendia nada do assunto. Irredutível, o moço me avisou que já anunciara a conferência aos alunos e “as expectativas eram as melhores possíveis”. Foi um pouco além: fez tantas referências elogiosas à minha pessoa que, ao chegar ao local da conferência, fui recebido como se fosse um Leandro Karnal.

 

Falei um punhado de obviedades e terminei minha peroração com uma recomendação absolutamente honesta: irmãos e irmãzinhas, deixei o que realmente interessa para o final. Vocês podem, sim,tornarem-se empreendedores bem-sucedidos desde que sigam ao pé da letra o que direi agora. Pesquisem a minha errática trajetória e façam exatamente o contrário do que fiz. Com um pouco de sorte, pode até dar certo. A molecada está rindo até hoje.

 

Por que me lembrei disso agora? De repente, descobri um negócio que pode ser extremamente rentável: a fabricação de tornozeleiras eletrônicas. Não acreditam? Vi na TV que se trata de produto em falta no mercado. Para que se tenha uma ideia da escassez do artefato, o deputado da mala teve de subornar alguém em Goiânia para que pudesse cumprir a pena longe das grades. O assunto foi denunciado e, até onde se sabe, poderá gerar consequência graves para o ex-assessor do presidente pendente.

 

O negócio só não prosperará se houver um arrefecimento nos ímpetos da Lava Jato depois da prisão da “jararaca”. A continuar neste ritmo, boa parte dos políticos brasileiro terá de usar o incômodo adereço.

 

Tivesse eu tempo, vocação para os negócios e ousadia, passaria a fabricar as tais tornozeleiras ajustáveis aos níveis sociais dos apenados, inclusive com preços variados. Para os zés-ninguém, tornozeleiras pretas, pesadas, de plástico. Empresários bem-sucedidos teriam direito a tornozeleiras azuis,macias,confortáveis. Para madames com pedegree, peças leves, pink com apliques de cristal ou safira. Finalmente, para os graúdos, com fórum privilegiado, peça de fino acabamento, em metal cromado, nas cores verde e amarela, com o Brasão da República.

 

Como já não tenho idade nem vocação para os negócios rentáveis, deixo aqui, gratuitamente, uma excelente ideia para os empreendedores do futuro.

 

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Cinéas Santos é professor, escritor e produtor cultural - nas redes sociais. 

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