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Na Cola

contato@acessepiaui.com.br

19/09/2017 - 08h32

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Na Cola

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19/09/2017 - 08h32

O que o juiz Moro e o ex-presidente Lula têm em comum?

Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Outros já fazem outra refer​ê​ncia: preferem substituir o olho por outra parte do corpo, mas fico com a frase título deste artigo.

 

O dito popular “pimenta nos olhos dos outros é refresco” ​serve​ para dizer que a dor e o ardor​,​ que você causou a outrem​,​ para você é prazer. Isto pode ser na relação pessoal ou nas relações de poder. Alguns usam o poder para execrar, desmoralizar e expor ​outros ​indevidamente. Isto est​á​ muito presente no Brasil contemporâneo​,​ e com o apoio da mídia, principalmente ​a ​Rede ​G​lobo.

 

Entendo que o juiz Sérgio Moro sempre trabalhou e executou o dito popular de que “pimenta no olho do outro é refresco”, mas agora respingou pimenta no olho dele.

 

​Uma​ matéria publicada pela Folha de S​.​Paulo e assinada pela jornalista Monica Bergamo, no dia 27 de agosto, diz “que o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, atualmente na Espanha, acusa o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro​,​ de ter pedido cinco milhões de dólares para “melhorar” – ou seja, reduzir – a multa e alterar o regime de prisão do regime fechado para o domiciliar.

 

Não acusou o juiz Moro, mas este teve reação imediata na defesa do amigo: soltou uma nota afirmando ser “lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”.

 

Sim, concordo com Moro, é lamentável, mas não é pior o que fez o senhor ao levar em consideração a palavra de um réu, como o senhor Léo Pinheiro, para condenar Lula pela suposta propriedade de um apartamento em Guarujá, o famoso tríplex? Aliás, famoso porque o senhor e a mídia lhe deixaram famoso.

 

Sérgio Moro, na nota, não aceita a palavra de um acusado, mas por​ ​que, para condenar Lula, a palavra de um réu é suficiente? Veja como pimenta no olho do outro é refresco.

 

Lula nunca negou conhecer Léo Pinheiro e tampouco negou ter alguma relação política com ele. No entanto​,​ este conhecimento e esta relação serviram para condená-lo.

 

O advogado Carlos Zucolotto Junior é padrinho de casamento do juiz Sérgio Moro. Mais: a esposa do Dr. Sérgio Moro, Rosângela Moro, foi sócia d​e​ Zucolotto, o que demonstra relações de amizade muito mais forte que as de Lula com Pinheiro. Certo que isso não serve para condenar ninguém e tampouco para levantar suspeita, porém isso deveria servir para todos. Mas, infelizmente, não é assim​. P​ara condenar Lula, qualquer foto ou ticket de pedágio é prova de crime.

 

Para Lula​,​ não há presunção de inocência.

 

Convido a um breve exercício. Vamos imaginar se ocorresse com o juiz Moro o mesmo que ocorre com o Lula: sair no Jornal Nacional a informação​ de​ que há suspeitas de que o doutor Zucolotto recebeu cinco milhões de dólares para intermediar uma premiada delação na Lava Jato. Deixo claro, noticias informando que há suspeitas e foi aberta investigação contra o advogado Zucolotto.

 

Dia 3 de setembro​,​ Nassif comenta a noticia inicialmente publicada na seção Radar, da Veja.

 

A Receita Federal abre um DIRF (Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte), procedimento inicial de investigação contra o escritório de Zucolotto. Nesta DIRF aparece o nome da senhora Moro​.​ “​S​ignifica que o escritório Tacla Duran efetuou pagamentos ao escritório e aos advogados do escritório. Ou seja, pagou a senhora Moro.”

 

A partir daí pode ocorrer uma série de especulações, que por ora ficam suspensas, mas uma pergunta é necessária: por que os procuradores da Lava Jato esconderam esse documento?

 

Será que era para evitar jogar pimenta nos olhos do juiz Moro – que, aliás, não (pelo menos não tive conhecimento)​ ​soltou notas negando qualquer envolvimento e tampouco pediu para abrir algum procedimento investigatório?

 

Para que não paire qualquer ideia​ de​ que há aqueles que estão acima da lei​,​ o doutor Moro deve pedir, e tem autoridade para isso, investigação desses supostos crimes.

 

​Mas, p​ara desviar a atenção desses fatos e das malas de dinheiro do Geddel e da corrupção do Temer, Janot e Moro resolveram jogar mais pimenta nos olhos do Lula.

 

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Dr. Rosinha é médico e deputado federal (PT-PR). 

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