Neste tempo em que a direita sai do armário e se manifesta pela derrubada da democracia é bom lembrar: a promessa do Brasil Potência, feita pela ditadura, longe de se concretizar deu lugar a maior dependência externa.
A dívida externa bruta do Brasil era de 3,1 bilhões de dólares em 1960; foi pra 3,5 bilhões em 1965 (primeiro ano completo da ditadura) e chegou a 91 bilhões de dólares em 1984 (último ano).
Pior que isto é saber que os gestores de então engoliram o canto de seria da banca internacional. No momento em que havia muita liquidez internacional (oriunda dos petrodólares) os banqueiros ofereceram empréstimos a taxas baixas de juros, de 4 a 6% ao ano. Mas não eram taxas fixas e sim flutuantes, ou seja podiam mudar de acordo com as regras do mercado, ou seja, com as regras dos banqueiros e dos Estados Unidos.
E assim aconteceu. A partir de 1978 as taxas subiram e chegaram a atingir 21% ao ano em 1981. Esta diferença na taxa de juros custou ao Brasil, na hora de pagar os juros e amortizações da dívida externa, um adicional de 29 bilhões de dólares entre 1979 e 1984.
Pergunto: Isto é regra de mercado? É incompetência? É conluio (corrupção) dos gestores de então com os banqueiros?
Será que alguém da lava jato se habilita a responder?
Obs: Dados citados por Argemiro Brum. Desenvolvimento Econômico Brasileiro.. Editoras Vozes e unijuí. 23ª edição. p. 387
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Merlong Solano - é professor da UFPI e secretário estadual de governo.
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