Facebook
  RSS
  Whatsapp
Quinta-feira, 28 de março de 2024
Colunas /

André Leão

leao.cinema@gmail.com

03/05/2015 - 11h54

Compartilhe

André Leão

leao.cinema@gmail.com

03/05/2015 - 11h54

Os 16 Minutos de Uli Burtin

 

Fotografia se aprende olhando os outros trabalharem, diz o Mestre. E lá estava eu fazendo o Still em meu primeiro trabalho numa produção de cinema.

 

Como reza o mandamento, observava cada ação, até que de repente a cena foi interrompida para a troca de várias pequenas lâmpadas usadas na iluminação do set.  Fiquei pilhado, e já esperava o intervalo do lanche pra arriscar a pergunta ao diretor de fotografia.

 

Momento chegado, pergunta feita, resposta vinda em um português carregado de sotaque alemão: Você teria 16 "minutas" pra me ouvir? Isso mesmo, precisos dezesseis germânicos minutos, que apesar da frase não ter concordado no  gênero, concordava com a generosidade de quem a dizia.

 

 

Ulrich Paul Ferdinand Burtin, (Uli Burtin), austríaco de 1940 que na infância foi para a Alemanha. Em Berlin, estudou paralelamente Cinema, Física e Química e rodou todos os continentes em produções audiovisuais até chegar ao Brasil em 1979. Diretor de fotografia em 14 longa-metragens brasileiros, entre eles, Salve Geral, Meu Nome Não é Johnny, Lisbela e O Prisioneiro,  e Hans Staden, sendo este último filmado apenas utilizando luz natural em sua fotografia. 

 

 

Tamanha experiência não tornou minha pergunta desprezível ao seu olhar e nem tampouco o tempo para o lanche, pois da meia hora que tínhamos, exatos dezesseis minutos foram gastos em uma aula sobre kelvin e sua relação com a configuração setada na câmera para aquela cena.

 

Uli hoje tem 56 anos de carreira e está em plena atividade nas produções de cinema. E se um dia algum leitor desta coluna tiver a oportunidade de estar em uma produção junto com esse grande diretor, deixo uma dica valiosa: Espere com seu prato na mão até saber em qual mesa ele vai sentar para o café da manhã e comece o dia com uma bela aula de cinema e Alemanha pós-guerra.

 

 

 

Como diz o Mestre: Nós, ficamos muito preocupados em fotografar a beleza, mas às vezes é preciso ‘fotografar feio’ mesmo. Quem lê entenda!

 

Leia Também:  Trilha Sonora: O Veneno do Escorpião http://acessepiaui.com.br/index.php?pg=ver_coluna2&id=208

          

          

André Leão

Comentários