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Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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André Leão

leao.cinema@gmail.com

11/05/2015 - 11h49

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André Leão

leao.cinema@gmail.com

11/05/2015 - 11h49

Trilha Sonora: O Veneno do Escorpião

 

Pra tentar explicar em parte o que é uma trilha sonora, estava eu  muito cedo do dia, em uma fase dolorosa de minha vida, sem dinheiro do ônibus, caminhando em direção a casa de um amigo editor pra finalizar um trabalho.  Lá ia eu nessa, até entrar em uma rua de lojas ainda fechadas e dar de cara com Still Loving You rolando no toca-som de um carro importado. Imediatamente o veneno fez efeito, comecei a me arrepiar, ao passo que me aproximava ia ficando mais intenso. Nos foleys, o som dos meus passos e as rápidas batidas do meu coração se misturavam e estavam em minhas orelhas internas cada vez mais alto.  A música diz: Ainda te amo. Mas eu ouvia, PARE E SE AME!

 

Cerrei meu dentes mas já era tarde, os olhos já estavam muito marejados. A fragilidade de meu momento, o clima da manhã e a visão do que estava ao meu redor, era como a tridimensionalidade experimentada pelo expectador sentado em frente a qualquer uma das caixas mágicas que projetam essas histórias. Agora, após passar por aquela onda sonora, me sentia forte e o percurso havia se tornado menor.        

       

     

 

Enfim... trilha sonora é isso.  Uma simbiose antevista pelos desenhistas de som e que é nos dada como uma nave hermética que nos descola do mundo, atravessa as cenas e quando nos devolve a terra, precisamos enxugar uma lágrima no canto do olho para que o vizinho da cadeira ao lado não nos ache bobo por chorar assistindo a um filme.

 

Como disseram os mestres do veneno aos meus ouvidos: Pare e se ame!

 

Leia Também: Carlos Ebert, O Bandido da Luz http://acessepiaui.com.br/index.php?pg=ver_coluna2&id=186

    

 

 

André Leão

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