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Terça-feira, 23 de abril de 2024
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Gustavo Almeida

Gustavo Almeida

almeidajornalista01@gmail.com

28/10/2015 - 18h01

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Gustavo Almeida

almeidajornalista01@gmail.com

28/10/2015 - 18h01

Oposições que nada fazem

 

Está mais do que claro que entre os motores para a corrupção e a imoralidade na administração pública está a ausência de oposições sérias e qualificadas. Se isso vale para governos estaduais e até para o federal, imagine então para as pequenas cidades do interior. Lá, onde os "olhos" da Justiça e dos órgãos fiscalizadores apresentam sérios problemas de visão, a maior parte dos gestores costuma fazer absurdos com a coisa pública.

A maioria das pequenas cidades do interior apresenta graves problemas e carências. Sem segmentos propulsores de geração de emprego e renda, os munícipes vivem praticamente encostados na administração pública, sendo as prefeituras o maior empregador. Assim, o comércio que já é fraco e reduzido, ainda se vê obrigado a depender das administrações públicas deploráveis, uma vez que boa parte das pessoas vive às custas dos salários miseráveis pagos pelas prefeituras.

No Piauí, essa realidade é gritante. O que se vê são gestores dos mais diferentes naipes: jovens, adultos e até idosos. Todos com uma coisa em comum: as práticas vergonhosas, imorais e ilegais à frente das gestões municipais. Renovação é algo que quase não existe na política do interior do Piauí, afinal, em quase todas as cidades as figuras são as mesmas. E quando surge alguém novo não é motivo para se iludir, pois certamente é apenas um descendente de algum figurão da política local.

Nesse cenário, um segmento seria muito importante para fiscalizar, denunciar e coibir muita sujeira: as oposições. Mas para a tristeza do povo, na quase totalidade dos casos a oposição é fraca, inerte e até conivente com as práticas obscuras que ocorrem nas veias das administrações municipais. O ditado popular "aonde não tem onça, veado folga", retrata muito bem essa situação.

O que se observa é um conjunto de oposições que nada faz. Os vereadores, que possuem o maior poder nas mãos, nem mesmo sabem que o tem. Os parlamentares municipais, em sua quase totalidade, desconhecem a legislação e pouco fazem diante das mazelas do Poder Executivo. As Câmaras Municipais costumam ser extensões sujas do Executivo e os opositores, quase sempre minoria, cruzam os braços e engolem tudo com a desculpa de que nada podem fazer.

No interior, prefeitos alojam parentes em secretarias, deixam de pagar 13º dos servidores, atrasam salários, contratam empresas de familiares, ganham diárias absurdas, deixam faltar remédios nos postos de saúde, não honram pagamentos de gestões anteriores sob alegação de que não foram eles que fizeram e esquecem que o débito é da prefeitura e não do gestor passado. Enfim, essas são apenas algumas das aberrações que se sabe e que continuam a acontecer pelos rincões do Piauí.

Diante disso, as oposições não se movem. A Justiça quase nunca é acionada, o Ministério Público não é provocado e assim a porteira da corrupção e da imoralidade segue aberta. A conclusão a que se chega é de que a política [e principalmente os políticos] perdem cada vez mais prestígio, pois ninguém satisfaz os anseios do povo. Enquanto a situação se atola em práticas repudiáveis e nada republicanas, as oposições nos dão o desgosto da inércia.

Mas muitos podem dizer: ah, a população também pode e deve denunciar. É claro que sim. É preciso que as pessoas também não aceitem passivas as atitudes porcas dos agentes públicos. No entanto, os parlamentares de oposição são representantes do povo, e como tal deveriam encabeçar o processo de fiscalização das administrações públicas. Para nossa tristeza, poucos agem assim. Nas cidades pequenas, os vereadores preferem o anonimato pela omissão do que os holofotes de uma verdadeira oposição.

Gustavo Almeida é acadêmico de jornalismo da Universidade Federal do Piauí, natural de Dom Inocêncio-PI

*Gustavo Almeida

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