Umas das recompensas que os operários do cinema tem, são as viagens que rolam para que os filmes aconteçam, Viagens físicas, pois existem aquelas que acontecem antes e durante nas criptas nervosas e que são necessárias para a epifania do filme pronto.
Talvez pela mão de obra extremamente especializada que a produção audiovisual exige, praticamente todas as equipes contam com operários de vários cantos do mundo. Não é raro ver estrangeiros no backstage e em qualquer lugar onde elas estejam acontecendo, basicamente sempre tem alguém viajando ou mesmo a equipe inteira pode ser estranha ao local.
O cinema fala francês, alemão, indiano, iraniano. É uma língua universal. Não saberia calcular quantas produções cinematográficas estão acontecendo neste momento ao redor do mundo. China, Rússia, Cuba, Israel, todos produzem cinema pois precisam se comunicar e em cada uma delas há brasileiros, árabes, belgas e suíços.
Um dia desses eu li que a Janis Joplin tinha uma voz negra, coisa de americano! Sempre achei que ela tivesse uma voz ruiva, assim como a guitarra do Johnny Winter ou a sonoridade albina do Hermeto. E mesmo sendo cada um de seu lugar são onipresentes como a arte que produzem.
Outro dia dentro de um ônibus me dei conta que estava viajando para uma produção que o orçamento só cabia eu. Pois quando nasce uma viagem (ideia) na cabeça, é preciso navegar como se a vida fosse um trem sem ninguém. Pensamos que estamos dentro dele mas na realidade estamos a o observar até que ele dobra as montanhas e já não o vemos mais, é o momento que partimos pra uma outra dimensão, onde o trem surge por trás das montanhas de lá, com outras cores que ainda não conhecemos mas sabemos que é o mesmo trem.
Enfim, só sei que depois dessa viagem, eu tenho certeza que os milhares de sets acontecendo agora na era do “façam vocês mesmos” . São o que "O figura" da ideia na cabeça e uma câmera na mão quis dizer; a profecia da terra em transe, a luta de deus e o diabo na terra do sol... de qualquer maneira a viagem segue e dá pra ver no You Tube.
Pois como disse o profeta: Vejo luzes como se fossem carros.
André Leão
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