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Sabado, 20 de abril de 2024
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Nícolas Barbosa

nicolasnunesbarbosa@gmail.com

07/09/2016 - 07h02

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Nícolas Barbosa

nicolasnunesbarbosa@gmail.com

07/09/2016 - 07h02

Serra da Capivara: dramas e soluções de quem vive do parque

Trabalhadores e estudantes falam das dificuldades e tentam ajudar o parque a sair da crise

Crise financeira afeta pesquisas e manutenção (Foto: Acervo Fundham)

 Crise financeira afeta pesquisas e manutenção (Foto: Acervo Fundham)

No último mês, a crise financeira do Parque Nacional da Serra da Capivara tem ocupado os meios de comunicação regionais, nacionais e globais. Já se sabe da falta de repasses governamentais e das questões judiciais envoltas ao problema. A coluna foi em busca de ouvir pessoas que vivem diretamente do patrimônio e que pretendem no futuro viver do mesmo. Foram ouvidos estudantes, guias e profissionais de segurança que deram seu depoimento.

 

Problemas geram demissões, atrasos de salário e cancelamentos de viagens

 

A crise de recursos se estende diretamente aos vigias do parque. A segurança é dividida entre os que cuidam das guaritas e os guarda-parques. Os primeiros foram demitidos porque eram pagos pela Fundham que não tem recursos para manter custos com salários.

 

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Os guarda-parques são funcionários de uma empresa de segurança sediada em Teresina. Pouquíssimos foram demitidos, mas a dificuldade para receber seu dinheiro é muito grande. Eles preferem não ser identificados para evitar comentários em São Raimundo Nonato, mas estão tendo que recorrer à justiça nos últimos 3 meses para serem pagos. Parte dos vencimentos são repassados para o advogado que cuida da causa. A informação dada é que o ICMBio (Instituto Chico Mendes) não faz o repasse à empresa.

 

Guia revela que já teve cancelamentos, mas enfatiza que o parque não vai fechar

 

O ecoguia Arivan Lima, da CRAÓS (Condutores no Rastro da Origem), também sofre com a crise financeira que assola o parque. Ele conta que muitos turistas e excursionistas já cancelaram ou adiaram visitas por causa das notícias que acompanham na mídia. Alguns aspectos como ausência de guariteiros, falta de manutenção em trilhas e sítios arqueológicos e poucas pesquisas em desenvolvimento contribuem para diminuir a atratividade do patrimônio. Ele conta que alguns visitantes ficaram sem informações ao ver guaritas fechadas e tiveram que retornar à entrada. Também afirmou que existem animais domésticos entrando no parque.  

 

Envolvidos buscam soluções para a crise

 

Foto: Expedição Serra da Capivara

Voluntários da Expedição Serra da Capivara fazem ações com crianças das redondezas

 

Apesar das dificuldades, todos os grupos que vivem em torno da Serra da Capivara buscam maneiras de ajudá-la a se manter. Todavia haja necessidade de ir à justiça para conseguir receber o salário, os guarda-parques continuam fazendo seu trabalho de cuidar da mata e evitar a entrada de criminosos ou traficantes de animais.

 

O ecoguia Arivan Lima (89-981085658) também fala com muita ênfase que a crise não matará o parque. Relembra que não há restrições à visitação e nem impedimento ao acesso. Ainda que as restrições financeiras tenham comprometido o atendimento e as pesquisas, elas não inviabilizaram o turismo. Também revela que cada turista que vê a situação se interessa em buscar formas de contribuir para a manutenção do patrimônio.

 

Voluntários se juntam a comunidade local por Serra da Capivara

 

Outro grupo que tem buscado maneiras de ajudar o parque são os estudantes. Vanda Lima é aluna do curso de Arqueologia e Educação Patrimonial da Univasf (Universidade do Vale do São Francisco) e participa, junto com colegas de sua universidade e de outras duas que existem em São Raimundo Nonato (IFPI e UESPI), de uma rede nacional de voluntários. A intenção de seu grupo, o Expedição Serra da Capivara, é ajudar a comunidade que vive ao redor do parque a se desenvolver e contribuir ainda mais na preservação.

 

O curso de Arqueologia da Univasf é o mais bem avaliado do país e atrai estudantes que amam a Serra da Capivara. A intenção é que haja uma autogestão do patrimônio. Vanda coloca inclusive sua admiração por Niède Guidón, mas confessa também que é preciso que outras pessoas se unam à pesquisadora para que o parque seja sustentável. Para que isso seja atingido, ela e seu grupo de voluntários estão tentando dar os primeiros passos.

Nícolas Barbosa

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