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07/11/2017 - 09h54

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07/11/2017 - 09h54

Professora da Uespi desenvolve pesquisa que utiliza laser para curar úlceras em diabéticos

O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes com úlcera nos pés e evitar a amputação dos membros inferiores.

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Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016 apontam que o número de pessoas com diabetes no mundo quadruplicou desde 1980, atingindo 422 milhões de adultos. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) confirma que 90% dos casos de diabetes são do tipo 2, causa mais comum da neuropatia periférica, responsável pelo problema conhecido como “pés diabéticos”.

 

A professora Maura Cristina Feitosa, do curso de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Piauí, desenvolveu uma pesquisa, como parte de seu Doutorado, cujo objetivo é curar os pacientes com úlcera nos pés, através do uso de laser de baixa intensidade.

 

A  docente explica que a neuropatia diabética é ocasionada pelo controle inadequado da glicose, nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo, pressão alta, presença de retinopatia e doença renal. Comprometendo assim, a circulação sanguínea e desenvolvendo alterações no metabolismo que podem causar danos aos nervos periféricos.

 

A maioria dos portadores de neuropatia diabética tendem a perder a sensibilidade dos nervos periféricos dos pés, fazendo com que o paciente diabético ao sofrer pequenas lesões nos pés não as percebam. Estas lesões começam a crescer e se tornam úlceras. Quando as lesões não são tratadas adequadamente, o paciente pode sofrer amputação dos membros inferiores.

 

Segundo Maura Feitosa, 85% dos diabéticos que realizam a amputação de um membro, em menos de um ano amputam a segunda perna. Destes, 80% vão a óbito até o segundo ano após o procedimento.O objetivo do uso do laser de baixa intensidade é melhorar a qualidade de vida dos pacientes com úlcera nos pés e evitar a amputação dos membros inferiores.

 

Assim, para a pesquisa, que foi desenvolvida entre os anos de 2014 e 2016, foram selecionados 48 pacientes diabéticos com faixa etária de 40 a 67 anos, glicemia de 200 µg/dl (microgramas por decilitro), e úlceras nos pés de 5 centímetros. Todos os pacientes foram submetidos ao Exame Doppler, que verifica a circulação do fluxo venoso e arterial, exames sanguíneos e foram acompanhados por um médico angiologista.

 

Os 48 pacientes foram distribuídos em quatro grupos: grupo controle, um grupo que utilizou óleo de girassol, um grupo que associou o óleo de girassol ao laser de baixa intensidade, e um grupo que utilizou apenas o laser de baixa intensidade. “Os pacientes que utilizaram apenas o óleo de girassol obtiveram um resultado bom, o ferimento não aumentou e o aspecto do pé melhorou. Os que associaram o óleo e o laser tiveram uma melhora muito boa, mas o melhor resultado foi apenas com a aplicação do laser, algumas feridas fecharam totalmente”, explica Maura Feitosa.

 

O laser de baixa intensidade age proporcionando ações de efeito analgésico, anti-inflamatório, antiedematoso e cicatrizante. “O aparelho já existe há muito tempo. É um recurso utilizado na fisioterapia para problemas como tendinite e bursite. Adaptamos uma caneta para utiliza-lo para reparo na superfície tecidual. Durante a pesquisa realizamos 12 atendimentos por paciente, sendo três sessões por semana. Cada sessão dura em média 30 minutos por pé”, afirma Maura Feitosa.

 

Os atendimentos foram realizados no Hospital do Dirceu, no Hospital Getúlio Vargas, no Hospital de Urgência de Teresina e no Lineu Araújo, que na época mantinha o Centro de Apoio ao Diabético. “O resultado mais nítido da pesquisa é a melhora da qualidade de vida do paciente. O laser possui um efeito analgésico incrível. A maior queixa dos pacientes é a dor. Eles não dormem, não comem direito, deixam de socializar e deixam de trabalhar por que sentem dor. E quando a gente melhora a dor, melhora todo o resto”, ressalta Maura Feitosa.

 

Nelci Zanchet Bordignon, de 78 anos, é um exemplo disso. “Minha mãe tinha uma ferida (úlcera) nos pés há pelo menos 15 anos, começamos a tratar há dois meses, depois que ela caiu e machucou ao redor do ferimento. Ela não andava mais, nós estávamos realizando tratamento com morfina para que ela sentisse alívio da dor”, revela Vânia Zanchet Bordignon Piaia, filha de Nelci, uma das pacientes que atualmente recebem atendimento. “Depois de um mês de tratamento, a minha mãe voltou a caminhar, a dormir bem e a se relacionar melhor com a família. Hoje ela é outra pessoa. A qualidade de vida dela melhorou consideravelmente, este tratamento é fantástico”, comemora Vânia.

 

A pesquisa desenvolvida pela professora Maura Feitosa, tem dito repercussão positiva, tanto no âmbito local, como internacional. A professora foi convidada para realizar uma palestra na China e recebeu um Certificado de Excelência, emitido pela Universidade do Reino Unido e publicado no Journal of Medicine and Global Health.

 

Parceria com a Univap

 

Em 2014, a Universidade Estadual do Piauí firmou um Termo de Cooperação Técnico-Científica com a Universidade do Vale do Paraíba (Univap), com o objetivo de fomentar a formação continuada e titulação de professores Mestres e Doutores na área de Engenharia Biomédica.

 

A cooperação beneficiou nove professores do Centro de Ciências da Saúde (CCS), todos do curso de Fisioterapia; Maura Cristina Porto foi um deles. Os docentes realizaram importantes estudos sobre Biofotônica (área que utiliza luz como ferramenta essencial em procedimentos relacionados às ciências biológicas), empregando laser de baixa intensidade e diodo emissor de luz (LED) no processo de cicatrização de feridas em pés diabéticos e em cirurgias cardíacas.

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