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Segunda-feira, 13 de maio de 2024
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Josenildo Melo

josenildomelo@folha.com.br

02/06/2015 - 18h36

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Josenildo Melo

josenildomelo@folha.com.br

02/06/2015 - 18h36

Mercantilização do saber

A mesquinhez do capitalismo avança sobre o saber? De forma preponderante; chegando a tal ponto que nem mesmo as escolas e universidades que possuem formação diferenciada sabem mais o que fazer. Certa vez um sábio amigo percebendo o nosso gosto pela leitura fez um alerta: cuidado, muito cuidado com o que você ler! Agora entendemos o porquê desta afirmação. Antes de ler, precisamos saber quem escreveu o conteúdo, qual a editora, a que segmento ideológico quem escreveu está intimamente ligado. No mundo intelectual também existem autores e escritores de encomenda? Quem tem o hábito da leitura percebe na hora!

 

Por mais que um colunista tente disfarçar sua preferência política ou ideologia, de vez em quando fica visível o seu lado; por mais que um escritor tente “disfarçar” um texto, fica perceptível em algum momento o seu víeis ideológico. Por mais que um meio de comunicação social tente camuflar a sua preferência e a que grupo está ligado, em algum momento fica explícita a defesa sistemática de uma concepção política. Existe ou não “comércio” do saber?

           

 

É comum que se confunda o saber, com a sabedoria, mas essas são coisas bem distintas. Se prestarmos atenção, podemos verificar que a diferença é clara e visível. Os termos “informação”, “conhecimento” e “sabedoria” são frequentemente utilizados com o mesmo sentido, o que traz muitas interpretações dúbias e até errôneas, principalmente no que diz respeito aos termos saber e sabedoria. O saber é o somatório das informações que adquirimos, é a base daquilo que chamamos de cultura.

           

 

Podemos adquirir o saber sem sequer vivermos uma só experiência fora dos livros e das aulas teóricas. Podemos nos tornar cultos sem sairmos da reclusão de uma biblioteca. Já a sabedoria, por outro lado, é o reflexo da vivência, na prática, quer pela experimentação, quer pela observação, da utilização dos "saberes" previamente adquiridos. O saber  é o acúmulo de conhecimentos e estudos que se faz. Está ligado diretamente à percepção, pois se trata de tudo aquilo que recebemos do mundo exterior para dentro de nós. Essas definições estão fora do circuito mercadológico.

           

 

Mas o nosso regime não é o capitalista? Não seria “natural” a mercantilização do saber? Não; da forma plena e explícita atual é exagero. O saber não é mercadoria; o conhecimento pode até mesmo produzir riquezas, mas não meramente riquezas de cunho material. Mais isso é apenas palavras, falácias? Se ainda hoje, aparecem pessoas defendendo o saber no sentido “vocacional” de melhora do mundo; as coisas estão do jeito que estão, imaginem se as palavras soltas ao vento não tiverem espaço? Já pensou se não existisse um Acesse Piauí da vida pra propiciar espaço pra defesa de opiniões? Aí é que a mercantilização do saber já teria tomado conta de tudo e de todos. O saber é Poder! Estão tentando equiparar saber, conhecimento e até mesmo sabedoria com acúmulo de riquezas materiais. Precisamos conter a mercantilização!

 

 

*Josenildo Melo é católico. Bacharel em Serviço Social  pelo ICF – Instituto Camillo Filho. Jornalista. Estudante de Direito.

 

Josenildo Melo

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