Facebook
  RSS
  Whatsapp
Segunda-feira, 20 de maio de 2024
Colunas /

Ana Regina Rêgo

Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

31/07/2020 - 02h18

Compartilhe

Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

31/07/2020 - 02h18

VACINAS ( PARTE I): Entenda para como são feitas e para que servem



​Em tempos de pandemia da COVID-19, de isolamento e distanciamento social, mas também de negacionismo científico e histórico, a sociedade encontra-se ávida por uma cura rápida que nos permita voltar a uma pretensa normalidade do passado, com abertura da economia e de preferência sem correr riscos de vida. Nesse complexo contexto, temos nos deparado com uma enxurrada de narrativas desinformacionais que extrapolam as denominadas fake News e se inserem em um panorama mais complicado, visto que misturam factualidade, com informações imprecisas ou mentirosas, dificultando a identificação e a formulação de contra narrativas que possam ser assimiladas facilmente pela sociedade. 


​As fake News, assim como, outras narrativas que pertencem ao escopo desinformacionalcorrem pelas redes sociais e aplicativos de mensagem e tratam de diversos temas que circundam a pandemia, desde os remédios milagrosos, a hospitais desocupados, uso de máscaras, isolamento social, origem do vírus, etc.. Os produtores de fake News são tanto personagens políticos, quanto uma massa de seguidores de alguns políticos que se engajam na defesa de suas ideias, pessoas que se fazem passar por profissionais da saúde, dentre outros, contudo, o grosso da produção é realizada por um mercado que procura produzir a ignorância de forma intencional, apostando na adesão ao negacionismocientifico, a ponto de instalar uma disputa intermitente entre o saber empírico e o saber científico.
​Nesse sentido, procuramos aqui trazer algumas informações sobre o que vem a ser uma vacina, desvelando o processo de criação e produção.
 
O QUE SÃO VACINAS E COMO AGEM?

Em geral são substâncias/fármacos criadas a partir de vírus ou bactérias que isoladamente ou combinados com outras substâncias produzem algo capaz de despertar nosso organismo e fazê-lo lutar contra os agentes patogênicos. Tais agentes podem ser utilizados ainda vivos ou mortos para a composição/criação das vacinas.

As vacinas têm como objetivo estimular a produção de anticorpos, que por sua vez, são constituídos por proteínas que defendem o nosso organismo de ataques dos vírus ou bactérias, para tanto, as vacinas se utilizam de microrganismos ou de suas toxinas inativas para produzir antígenos objetivando induzir a produção de anticorpos, como mencionado.
Em suma, as vacinas agem como estimuladoras do nosso sistema imunitário a produzir anticorpos específicos contra microrganismos também específicos que podem invadir o nosso corpo, nesse sentido as vacinas se constituem como as principais formas de prevenção para algumasdoenças, visto que ao entrarmos em contato com os vírus que as provocam, já estamos imunizados.
 
COMO SÃO DESENVOLVIDAS AS VACINAS E QUAIS AS ETAPAS?

Uma vacina para ser produzida necessita atender a protocolos científicos e éticos pré-determinados pela comunidade científica envolvida no processo. Isto significa que é preciso tempo e investimentos em tecnologia biológica para que se possa ter sucesso no final, objetivando uma vacina segura e que não traga maiores efeitos colaterais ou que coloque a vida em risco.

O desenvolvimento de um fármaco de prevençãopossui várias fases que inclui desde o desenho da pesquisa, o registro em uma Instituição e Conselho de Ética, passa pelas fases pré-clínicas e vai até a fase clínica final.

Após a aprovação do projeto de pesquisa pelos Conselhos de Ética, o primeiro passo é identificar o genoma do vírus causador da doença para a qual se deseja criar uma imunização em humanos, assim como, o modus operandi do vírus no corpo humano, procurando identificar quais sistemas e órgãos são mais atingidos.

A partir de então desenvolvem-se os estudos pré-clínicos que podem acontecer em três ou duas fases, são elas: in sílico, in vitro e in vivo.

A investigação in sílico consiste em uma modalidade de pesquisa que visa analisar um sistema biológico através de uma simulação computacional. Esta fase objetiva orientar os próximos passos da pesquisa. Nem sempre necessária.

Posteriormente, a fase in vitro realizada em laboratório envolve cultura de células. Inicialmente pode-se inserir a substância que se deseja testar em uma única célula e depois em um conjunto maior de células para tentar identificar o nível de toxidade e eficácia da substância testada, que deve ser composta, inclusive, por partes do próprio vírus para o qual está se procurando uma imunização.

Na fase pré-clínica in vivo, em geral, são utilizados testes com animais como ratos, símios e cães e tem como objetivo observar a interação em diferentes células, além de identificar os níveis de segurança, eficácia e toxicidade dos fármacos, com o intuito de diminuir os riscos para a testagem em humanos. 

Os próximos passos  constituem os estudos clínicos com testagem em seres humanos. Aqui encontramos ainda três fases de observação e análise. Na Fase I: realizada em um grupo focal o objetivo é tentar identificar e demonstrar a segurança da vacina. Na Fase II com um número maior de voluntários para a testagem procura-se definir o grau de imunogenicidade do fármaco e,por último, na Fase III realiza-se uma aplicação ampla da vacina em seres humanos com o intuito de demonstrar sua eficácia. Após a realização das três fases clínicas, as empresas e/ou Institutos de pesquisa podem obter o registro sanitário para produção e posterior distribuição e venda, se for o caso, para a sociedade.

Nos sites do Instituto Butantan(http://www.butantan.gov.br/pesquisa/ensaios-clinicos) e da FioCruz (https://portal.fiocruz.br/) podem ser obtidas maiores informações sobre vacinas no Brasil. 
 

Comentários