Com o fim das condenações a Lula, que tinham sido impostas pelo Ministério Público Federal de Curitiba, o cenário político nacional muda de forma significativa. Se antes o centro, a direita e extrema direita imaginavam disputar os rumos do país entre eles, agora serão obrigados redesenharem suas estratégias. 

A entrevista do ex-presidente Lula, concedida nessa quarta, 10/03, abalou o meio político. Lula bateu pesado no governo Bolsonaro que vem boicotando a vacinação e as medidas restritivas para combater a pandemia, além de priorizar a aquisição de armas, somado a falta de ações contra o desemprego e de investimentos em saúde, educação e infraestrutura.

Lula criticou a disparada dos preços dos combustíveis, carne, arroz, feijão e destacou que hoje isso tá ficando insustentável. "Alguma atitude vamos ter que tomar para que este país volte a crescer, para que esse povo volte a sonhar. Quero conversar com empresários. Ou será que vamos ficar refém do deus mercado, que só quer ganhar dinheiro não importa como?", disse Lula. "Não tenham medo de mim; eu sou radical porque quero ir à raiz do problema, quero construir um mundo justo.". 

A repercussão da fala do ex-presidente balançou o meio empresarial e da mídia, a ponto, da emissora dos Marinhos, Globo, que batia em Lula dia e noite sem dó e que apoiou o juiz Moro e o procurador Dallagnol, ter dedicado boa parte do Jornal Nacional a entrevista de Lula. 

A critica de Lula sobre como o governo trata a pandemia foi destaque em sua fala e recomendou aos brasileiros não seguirem orientações do presidente. "Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina!”. 

O ex-presidente afirmou que se fosse presidente teria criado, desde o início da pandemia, um Comitê envolvendo a participação de diferentes setores da sociedade, como o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia, cientistas, Fiocruz e Butantan para orientar o povo e priorizar a compra, produção nacional e aplicação de vacinas.

A contundência da fala do ex-presidente no momento em que o país enfrenta o aumento exorbitante de casos e mortes por Covid-19 teve grande impacto político. O próprio presidente Bolsonaro, no mesmo dia e, também seus ministros, passaram a usar máscaras, inclusive o ministro da saúde, anunciou que o governo agora vai priorizar a vacinação.

Mesmo com  erros que Lula possa ter cometido e ter pago caro por isso, a real possibilidade dele ser candidato em 2022 e a sua fala reacenderam a esperança de muitos brasileiros diante do tormento e da incerteza no futuro, frente ao colapso dos serviços de saúde, da escalada de mortes, esgotamento de leitos e UTIs e da exaustão dos profissionais de saúde em todos os estados do país. 

A atual crise sanitária vivida pelos brasileiros é uma das mais agudas da nossa história. Com toda certeza, o governo Bolsonaro até agora não mostrou que está a altura para enfrentá-la. Tem se revelado desumano, mesquinho, irreponsável e incompetente para enfrentá-la.

A fala de Lula caiu como um alento para a maioria do povo que hoje está sem esperança e serviu de alerta e, "quem tem ouvidos para ouvir, ouça!".