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26/09/2021 - 18h34

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O pobre legado de 1000 dias de Bolsonaro

Brasil do bolsonarismo amarga inflação, fome, desemprego e mortes

 Brasil do bolsonarismo amarga inflação, fome, desemprego e mortes

O presidente Jair Bolsonaro completa 1000 dias de governo com números assombrosos: chegamos a 14,7 milhões na extrema pobreza, como aponta reportagem especial do UOL neste domingo (26), 14,4 milhões de desempregados, 19,1 milhões de famintos e quase 600 mil mortos por covid-19, com uma cesta básica que subiu 34% nos últimos 12 meses, em Brasília, e 26%, em Porto Alegre, gasolina que ultrapassa R$ 7 em muitas cidades e o risco de apagões até dezembro.

Até aqui, o legado bolsonarista é um Brasil mais pobre, mais faminto, mais desesperançoso.

Para celebrar a efeméride, o presidente vai divulgar um projeto nacional para gerar empregos de qualidade e um pacote de ações a fim de garantir comida a quem tem fome, abandonar o negacionismo e reconhecer que a cloroquina nunca atrapalhou o combate à pandemia e ser mais transparente na crise energética? Não, organizou uma série de comícios eleitorais pelo país.

Entre eles, pasmem, há inauguração de trecho de 10 quilômetros de asfalto no Sul da Bahia, cerimônia de assinatura de concessão de aeroportos em Boa Vista, visita a uma estação de metrô em Belo Horizonte, assinatura de concessão de rodovia em Anápolis e, pasmem de novo, inauguração de obras de ampliação do aeroporto regional de Maringá.

Sim, Jair Bolsonaro parece um vereador federal. E age como tal para reduzir a reprovação de seu governo, que chegou a 53% nas últimas pesquisas Datafolha e Ipec (ex-Ibope).

Maria Antonieta, rainha da França no século 18, nunca declarou "se o povo não tem pão, que coma brioches", apesar de a frase ter entrado para o anedotário histórico. Mas Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, já chamou de "idiota" quem usa como argumento o preço do feijão e sugeriu que seus seguidores adquirissem fuzis.

"Tem que todo mundo comprar fuzil. Povo armado jamais será escravizado. Sei que custa caro. Tem idiota, 'ah, tem que comprar feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar", afirmou no final de agosto.

E não é só o feijão. Os trabalhadores de Vitória sabem que o preço do quilo do café subiu quase 25% no mês passado, os de Florianópolis viram o açúcar disparar 10,5% e os do Rio amargaram um aumento de mais de 40% na batata, segundo dados do Dieese.

Depois, em seu discurso na ONU, ainda mentiu que pagou um benefício de 800 dólares, ou seja, mais de R$ 4.270,00. 

Em primeiro de junho, Jair zoou com a cara dos trabalhadores, afirmando que "quem quer mais [auxílio emergencial], é só ir no banco e fazer empréstimo". O que os trabalhadores informais pobres que perderam o emprego por conta da pandemia e não estão conseguindo sobreviver com o novo valor do benefício vão dar como garantia de um empréstimo, ninguém sabe. Fuzis, talvez.

Sua gestão é um caos de inflação, desemprego, fome e morte. Mas o que chamamos de inferno, a militância bolsonarista dos tiozão do zap, mas também a formada por ruralistas, madeireiros e garimpeiros ilegais, policiais e militares que agem como milicianos, religiosos fundamentalistas, empresários gananciosos chama de paraíso. O presidente prometeu liberdade total para esse grupo fazer o que quiser. E, desde então, para eles fala e para eles governa.

Após 1000 dias, diante de escombros, Bolsonaro pode estufar o peito e dizer: vim, vi e venci, talkey?

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Leonardo Sakomoto é jornalista, nas redes sociais. 

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