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Domingo, 12 de maio de 2024
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acessepiaui@hotmail.com

01/12/2021 - 08h10

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01/12/2021 - 08h10

BRAVO, ASSIS BRASIL

Assis Brasil faleceu no domingo, dia 28 de novembro

 Assis Brasil faleceu no domingo, dia 28 de novembro

Assis Brasil agora, mais do que nunca, tornar-se-á memória coletiva de brasileiros piauienses, que sempre soubemos de seu valor literário e cultural. O piauiense de Parnaíba era um homem das letras, curiosamente cumprindo este qualificativo de forma tradicional e contemporânea ao mesmo tempo. 

Sabia dialogar com o passado e com o presente, sabia escrever e criar para recepções distintas, fossem leitores semânticos, aqueles que estão interessados apenas em uma boa história, ou leitores semióticos/críticos, os que buscam a razão da construção literária na movimentação do código verbal, nas voltas que os significantes dão; ou ainda leitores em formação, as nossas crianças, para as quais dedicou vasta produção imaginativa. 

Em outra arena de debruço sobre a escritura, Assis Brasil trabalhava, incansavelmente, como um hermeneuta, um decifrador de códigos culturais, ao comentar e investigar o fenômeno literário, ao dar seu parecer sobre as mais diversas inquietações humanas. 

Foi crítico literário de batente, militando no que se chamou de crítica de rodapé, em jornais importantes do Brasil, fez historiografia literária e exerceu o ensaísmo analítico; ainda que em alguns momentos não tenha alcançado êxito promissor, desfechava honestidade intelectual, dispunha-se disciplinarmente em seu esforço, cumprindo uma espécie de remanescente projeto iluminista, interessado pelos desvãos de nossa passagem por este intervalo físico-espiritual a que chamamos vida.
 
Mas foi mesmo como prosador que mostrou impressionante capacidade inventiva, com a construção de personagens e narrativas pungentes e de asseveradas vicissitudes da condição humana. Foi e sempre será personalidade cultural diferenciada, com sua incrível envergadura criadora. 
Das vezes em que estive com Assis Brasil, conversando ou apenas olhando-o, percebia uma aura de simplicidade complexa, própria de quem escolhe narrar o mundo, o vasto mundo.

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Feliciano Bezerra é professor doutor da Uespi - nas redes sociais. 

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