Às vezes a gente pensa que aquela propaganda do Itaú onde um cara encontra outro na rua e cita o nome dele, o número do cartão crédito, etc., é exagerada. Mas não é. Hoje por pouco não caí num golpe.

Um sujeito bem articulado, com voz de locutor de FM, ligou no meu fixo. Informou que era da Centra de Segurança do BB e que, há pouco tempo, havia sido  feita uma compra com meu cartão em Teresina, nas Casas Bahia, uma compra presencial, no valor de R$ 2.000,00. Levei aquele susto de pobre quando ouve falar em conta de R$ 2.000,00. Aí ele disse que tinha bloqueado a compra e que eu teria 24 horas para ligar para os números no verso do cartão para cancelar. Explicou que eu deveria ligar do meu fixo para que o BB soubesse que eu estaria em casa. 

Atordoado, eu procurei no verso da cartão para ligar imediatamente, mas não consegui ler os números. Aliás, esses números deveriam ser em letras  garrafais e em vermelho, pois na hora do aperto ajudaria muito, mas não neste caso de hoje. O estranho é que se a ligação era da Central de Segurança, por que ele mesmo não cancelava, mas, na hora, não percebi esse detalhe. 

Em menos de cinco minutos, o sujeito ligou novamente informando que havia sido feita outra compra num posto de gasolina. A ideia é apavorar a vítima, no caso eu, para não dar tempo de raciocinar. 

Busquei a conta física do cartão para localizar os números e, no verso, havia um alerta sobre o golpe explicando exatamente todo o roteiro da ação dos meliantes.
 
Quando você liga do seu fixo para os números no verso do cartão, os bandidos, através de recursos tecnológicos avançados, interceptam a ligação e fazem o desvio para um número da quadrilha.  E aí, quando você cai na arapuca, eles depenam o infeliz ao bel prazer.
 
Enfim, escapei fedendo por não conseguir ler um número. Mas fica claro que estamos à mercê de bandidos altamente especializados e treinados para se apropriar do alheio.

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Odorico Carvalho é advogado, jornalista, cantor, compositor - nas redes sociais.