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Quarta-feira, 15 de maio de 2024
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Mauro Sampaio

Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

06/05/2022 - 10h44

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Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

06/05/2022 - 10h44

O julgamento "bíblico" dos abandonados

Pastor assevera que os "vagabundos" que vivem nas ruas têm o dever bíblico de passar fome. Que representante de Deus é esse?

 

Antes de ser decretada oficialmente a pandemia de coronavírus no Brasil, lancei o livro "Abandono", um retrato contextualizado sobre as pessoas em situação de rua. Foram dois anos de "trabalho de campo". Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Teresina.

 A "crise humanitária", muito bem definida pelo padre Júlio Lancellotti, já estava assustadora, especialmente nos grandes centros urbanos. No livro, em meio a tantas exposições do grau máximo de miséria nas calçadas dessa terra "mãe gentil", apresentei um certo um poema, de minha autoria, chamado "O julgamento", dividido em três partes. Este:

ACUSAÇÃO 
Preguiçosos
Indolentes
Inúteis
Viciados
Doidos
Ladrões
Sujos 
Perigosos
Vagabundos a empestear a cidade dos homens e mulheres de bens.

SENTENÇA
Coitados, mas culpados
Fracos
São fracassados.
Quem quer não vive na rua, não faz do chão a cama
Da lata de lixo, o restaurante.
Os fortes, os vitoriosos, não temos nada a ver com isso.
Pagamos impostos!


PENA
Para ti, pobre coitado, o abandono
Apenas alguma caridade, para que não morra de fome nessa rua
Quieto!
Invisível!

A fala do Pastor Marcos Granconato, da Igreja Batista Redenção, ajustou a sentença do poema "O julgamento":

Mendigos têm o dever bíblico de passar fome.

Na calçada do Ministério da Economia, em maio de 2022, a "pandemia" de abandonados continua. Nada demais. Deus está acima de todos. E o Brasil, acima de tudo, vai bem, obrigado.

 

Mauro Sampaio

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