Toda obra para a posteridade tem lá seus obstáculos a superarem. Isso ocorre desde a antiguidade, seja pela dificuldade financeira seja pela exigência de matéria-prima ou de mão de obra qualificada para a execução. E não vai mudar em épocas presente e futura, pois foi assim no passado, é no presente e será no porvir, e quanto mais o tempo passa mais as obras de relevo exigem dos seus responsáveis, nos campos da arquitetura, da engenharia e da arte expressada no seu período.      

Assim, não poderia ser diferente na construção do Aeroporto de São Raimundo Nonato, que foi inaugurado no dia 27 último, em grande apoteose, por se tratar de obra moderna encrava no semiárido sul-piauiense, mas que representa um marco do desenvolvimento regional, por estimular a indústria turística do Piauí e, como isso, tornar o Sítio Arqueológico da Serra da Capivara mais visitável pelo segmento cultural que só cresce no turismo mundial por revelar aos seus diletantes a origem do homem americano. 

Há de considerar que a obra foi realmente concluída e, diga-se, belíssima, estonteante. Assim como o santo São Raimundo Nonato teve dificuldades para vir à luz, por ter sido extraído das entranhas da mãe já morta, ocorreu também com o Aeroporto de São Raimundo Nonato, em que operoso governador Wellington Dias, que o projetou a partir de 2003, teve de se eleger novamente para concluí-lo em 2015, porque faz parte da sua trajetória governativa a insígnia de construtor de obras estruturantes do Estado.    

Sabe-se da necessidade do Brasil investir em infraestrutura, sobretudo no aeroportuário, visto que para se permitir o adequado desenvolvimento do planejamento do Piauí, e se garantir a implantação turística no Sítio Arqueológico da Serra da Capivara, tornou-se imperiosa a construção do Aeroporto para oferecer as melhores condições de atender as potencialidades da região. E a microrregião de São Raimundo Nonato atravessa pleno crescimento econômico, comercial, educacional, cultural e que expressa a História Mundial através dos registros pré-históricas do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Convém informar, inclusive, que o Aeroporto foi executado dentro das mais modernas especificações técnicas da engenharia, desde os serviços de terraplenagem, pavimentação, drenagem, sinalização e edificação. A Pista foi seguida de gerenciamento e fiscalização técnica. O Terminal de Passageiro passou pelo mesmo crivo de exigência, como também aconteceu com os veículos de combate a incêndio para a segurança do Aeroporto. Na verdade, nada ali foi gestado sem ancorar-se em avançada padronização do equipamento aeroportuário.   

E não poderia ser diferente, pois o Aeroporto vem dar suporte ao Parque Nacional da Serra da Capivara que é formado pela maior concentração de sítios arqueológicos pré-históricos do Continente Americano e, por isso, Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO. O Piauí, aos olhos da excelência científica que debate a complexa tarefa de esmiuçar a evolução paleontológica da pessoa humana está bem servido por dar grande contribuição para que o universo se interaja nesses estudos e pesquisas pelo seu laboratório natural situado nessa área agreste. 

Tanto que, em desdobramento, adveio a Fundação Museu do Homem Americano, que preconiza por política de proteção e implantação de um projeto de desenvolvimento econômico e social que visa educar e preparar as comunidades para que possam participar do mercado de trabalho, pela via do turismo ecológico e cultural. Não se pode deixar de destacar a indústria cerâmica da Serra da Capivara que, com abnegação e elevado valor artístico, produz peças com símbolo das gravuras rupestres que vem ganhando cada vez mais o mercado internacional pela absorção desses produtos do artesanato piauiense.  

Daí o atrativo dessa riqueza antropológica do Parque Nacional da Serra da Capivara para receber visitantes de toda parte do mundo pela beleza e qualidade artística das pinturas e gravuras narradas em épocas imemoriais, tão bem retratadas, no cartão-postal do Aeroporto de São Raimundo Nonato, pelo painel pictórico evocado com criatividade pelo artista piauiense Hostyano a origem do homem americano desde a pré-história até os tempos atuais do modismo digital.

Por justiça, aproveita-se para aplaudir a luta diuturna da arqueóloga Niède Guidon, baluarte de todas as conquistas do Parque Internacional da Serra da Capivara, que não deu tréguas aos seus ideais e, assim, vem se transformando muitos dos seus sonhos em realidade, e o Aeroporto de São Raimundo Nonato é a concretização de um dos seus grandes sonhos. Se antes incompreendida, hoje heroína, assim é a vida, e ela dá o belo exemplo de que nunca se deve abdicar dos seus mais lídimos desideratos, sobretudo aqueles que têm o condão de servir a humanidade.  

Seria omissivo se não destacasse a intrépida e denodada participação da secretária de Estado de Infraestrutura, deputada Janaínna Marques, que reuniu equipe afinada e desde o início da gestão deu o sinal verde para de uma vez por todas concluir-se o Aeroporto de São Raimundo Nonato. Além disso, fez eficiente articulação para dirimir obstáculos eventualmente existentes e de forma integrada partiu para os outros órgãos envolvidos e assim reuniu as condições institucionais, técnicas, financeiras, entre tantas outras, para a conclusão do Aeroporto que, em boa hora, foi majestosamente inaugurado.    

Por fim, é importante lembrar que a conclusão do Aeroporto foi fruto de uma inciativa administrativa em que tinha como meta o progresso de uma região, do Estado do Piauí e do Brasil, uma vez que é mola propulsora para incrementar o turismo cultural brasileiro por meio do conhecimento científico da História do Homem Americano. Parabéns São Raimundo Nonato! Parabéns governador Wellington Dias! Os piauienses de boa-fé e comprometidos com o desenvolvimento agradecem.

*Deusval Lacerda de Moraes é economista