Obras da Transnordestina param e trabalhadores ficam sem receber salários e rescisões no Piauí |
||||
A paralização das obras da ferrovia Transnordestina no Piauí, ocorrida em setembro deste ano, e a consequente rescisão do contrato firmado entre a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a CivilPort Engenharia LTDA gerou mais que desemprego em massa nesse momento de crise. As empresas subempreiteiras não receberam os pagamentos referentes aos últimos meses de prestação de serviços e estão atoladas em dívidas trabalhistas e com fornecedores.
Pelo menos três empresários, que se dizem lesados pela Civilport, procuraram o Acesse Piauí para denunciar a situação. O clima entre eles é de revolta e desespero, pois estão cercados de cobradores e sendo, inclusive, ameaçados de morte caso as dívidas não sejam quitadas.
Após quatro meses na porta da Civilport e Transnordestina, não obtive respostas e sim muita humilhação e descaso”.
|
||||
Priscila Mary de Sousa - empresária | ||||
|
“Após 11 meses trabalhando para a Civilport, estou com todos os nossos nomes e CNPJs sujos, sem capital, sem crédito, no Serasa, saúde comprometida, firma comprometida, a moral comprometida”, o relato emocionado é da empresária Priscila Mary de Sousa, de Minas Gerais. Ela é responsável pelas empresas Vip Locações e RC Máquinas, que juntas alugaram 13 caminhões pipa.
A Civilport deixou a obra devendo quatro meses para as empresas mineiras, uma dívida de R$ 850 mil que pode provocar a falência da empresária. “Após quatro meses na porta da civilport e transnordestina em Itaueira-PI, onde prestamos serviços com o aluguel de caminhões, não obtive respostas e sim muita humilhação e descaso”, desabafou a empreendedora.
Desesperada, Priscila Mary de Sousa confessa a nossa reportagem que devido à inadimplência não está conseguindo pagar as prestações dos caminhões, o que pode resultar em busca e apreensão dos veículos a qualquer momento. As dívidas com os fornecedores crescem a cada dia e ela está sem capital, será preciso vender alguns bens para minimizar o drama.
Para completar o sofrimento da empresária mineira, um de seus caminhões tombou e ela não conseguiu recuperar o prejuízo, pois o seguro está atrasado e a franquia é de R$ 9 mil, dinheiro que ela não tem.
Está marcada para o dia 03 de dezembro uma audiência da Vip Locações, RC Máquinas e Civilport com o Ministério Público do Piauí, representado na Comarca de Itaueira pelo promotor de justiça Carlos Washington Marchado.
Dívida de R$ 4,5 milhões
Se a situação de Priscila Mary é difícil, imagine a de Enio Wendling, da empresa CRW Serviços de Escavação LTDA, de Santa Catarina. O empresário está prestando serviço para a Civilport em São Francisco de Assis do Piauí há um ano e dois meses. A inadimplência nos meses de junho, julho e agosto gerou um prejuízo de R$ 4,5 milhões.
Em entrevista ao Acesse Piauí, o empresário explicou que mesmo sem receber os pagamentos conseguiu honrar os salários de seus 69 funcionários nos meses de junho e julho, mas está devendo agosto e a rescisão. “Tenho recebido ameaças de morte por conta desse impasse”, relata Enio. Além dos trabalhadores, a empresa catarinense está devendo fornecedores da região.
Mais casos
E as denúncias não param por aí, em Canto do Buriti-PI, o empresário Raul Alves da Costa Filho, da empresa RS Terraplanagem não tem conseguido dormir diante da pressão de trabalhadores e comerciantes. Tem recebido até jura de morte, a exemplo de Enio Wendling.
Trabalhadores da RS Terraplanagem em atividade
Raul relatou ao Acesse Piauí que prestou serviços para a Civilport de 1º de maio de 2014 a 02 de setembro de 2015. A RS Terraplanagem fazia desmatamento de faixas e cercas. Segundo ele, não recebeu o pagamento nos últimos três meses, o que gerou um acumulado de R$ 486 mil.
“Estou com 50 funcionários com salários atrasados e rescisões para pagar. Já procurei a Civilport várias vezes e fui até Fortaleza-CE, na sede da TLSA buscar soluções para esse problema, mas não fui recebido”, diz o empresário.
Dezenas de casos
O Acesse Piauí teve acesso a uma lista de 38 empresas que estão com pagamentos atrasados. O documento detalha os serviços que foram prestados e os valores a receber. Mas inicialmente vamos destacar apenas as empresas citadas acima, que nos procuraram espontaneamente.
O que diz a acusada?
Nossa reportagem entrou em contato com a Civilport Engenharia, através de e-mail, mas não obteve resposta até o fechamento da publicação. O espaço segue aberto (acessepiaui@hotmail.com).
Rogério Holanda
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.