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Domingo, 19 de maio de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

02/02/2016 - 09h54

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

02/02/2016 - 09h54

Barafunda partidária

Partido político é a instrumentalização democrática que canaliza a vontade emanada pelo povo para o exercício pleno do poder. E como entidade representativa - apesar da distorção de vez em quando incorporar-se às estruturas ditatoriais para camuflar o viés autoritário, como ocorreu no regime militar do Brasil-, trata-se de instituto do arcabouço organizacional para o bom funcionamento do Estado.

 

Nesse prisma, no caso típico do sistema partidário brasileiro existe verdadeira balbúrdia em razão da proliferação de agremiações partidárias por terem sido criadas inúmeras siglas sem nenhuma mensagem ideológica ou social, simplesmente como meras legendas de aluguel, que em vez de fortalecerem a democracia acabam por fragilizá-la e ridicularizá-la pelo eleitorado.  

 

A propósito dessa disfunção, afirma o jurista Dalmo Dallari: “é inútil do ponto de vista político, e sem qualquer autenticidade, um sistema de partidos que, além de não serem veículos de ideias e aspirações, são muitos semelhantes entre si e não têm qualquer importância nas modificações da estrutura social e muito menos na composição e orientação do Governo”.

 

Dito isso, infere-se que parte dos partidos políticos brasileiros serve apenas para ancorar momentaneamente certos candidatos flutuantes – geralmente, a arraia miúda - dentro do jogo de arrumação partidária inerente a cada eleição, ou por eles tratarem da política tão somente como instrumento da ciclotimia interesseira na aventura participativa dos pleitos eleitorais e agirem ao sabor apenasmente dos seus projetos pessoais, ou seja, ilusoriamente, sem qualquer compromisso com a democracia, com a representatividade, com a plataforma político-administrativa, enfim, com a coisa pública.

 

É mais ou menos como uma relação amorosa fortuita, volúvel, sexualista, em que no momento satisfaz os desejos estritamente orgânicos, mas sem qualquer compromisso com o amor, com a família e com a sociedade. Pois, dessa forma, se muda de parceira tantas vezes os prazeres sexuais deliberam e o mercado ofereçam agentes para exercer esses instintos da satisfação eminentemente individual.

 

E gera vício deturpado. Pois na política piauiense, sobretudo nas eleições municipais, existe contingente de pessoas, “políticos”, que fica de galho em galho, de sigla em sigla, por ser sem voto e também com voto - mas sem traquejo democrático -, e por isso viver saltitando de agremiação em agremiação para ver qual o negócio mais atrativo, sem dar qualquer importância para os programas partidários. 

 

Face ao desarranjo político-democrático, sugerimos reforma para o aprimoramento do sistema democrático brasileiro, mormente na seara dos partidos políticos. Apenas para lembrar, não se constrói sociedade pujante na prática política e da administração pública com siglas partidárias em que seus dirigentes fazem de conta que estão recebendo mais e mais políticos para os seus quadros e esses políticos fazem de conta que realmente realizarão algo produtiva para a população com agremiações que funcionam unicamente como dormitórios desses arrivistas eleitoreiros que só denigrem as eleições.

 

*Deusval Lacerda de Moraes é economista

Deusval Lacerda*

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