O governador do Piauí Wilson Martins (PSB) anunciou no dia 28 de fevereiro deste ano que as obras da Ferrovia Transnordestina seriam reiniciadas na primeira quinzena de março. À época, a informação partiu do secretário nacional do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e secretário executivo do Ministério do Planejamento, Maurício Muniz.

A nota publicada no site do Governo do Estado informava que as obras estavam paradas porque a empresa responsável havia pedido reajuste do valor inicial, o que gerou um impasse com o Governo Federal mas que já teria sido solucionado. Quase seis meses depois a obra orçada em R$ 7,5 bilhões, que prevê 1.728 quilômetros de trilhos, cortando 80 cidades do Piauí, Ceará e Pernambuco, ligando Eliseu Martins (PI) aos Portos de Pecém (CE) e Suape (PE), continua abandonada pelo Governo Federal.

No Piauí, a ferrovia terá dois pátios de manobras. A previsão de conclusão era para 2014, mas pelo visto não será inaugurada tão cedo. Atrasada dois anos e meio, a ferrovia não tem sequer 50% das obras concluídas.

Estranho
Causa estranheza o fato de uma obra tão importante como essa ser praticamente abandonada e não ser alvo de debates na imprensa e nas tribunas do legislativo. Nem mesmo os opositores ao governo Dilma reclamam.

Empregos
As obras da Transnordestina empregam muitos sertanejos. Em municípios como Itaueira-PI, centenas de pessoas foram empregadas. Quando estavam em andamento, a economia foi aquecida com o crescimento das vendas no comércio, aluguel de casas e hotéis. A expectativa na cidade é grande para o retorno das empresas.

Uma afronta
Tem muita gente ganhando dinheiro com esse empreendimento. Os proprietários das terras por onde os trilhos vão passar é que não tem muito a comemorar. No Piauí teve gente que recebeu R$ 5 de indenização. A informação hilária é do Ministério Público Federal.

Na obra não se fala em milhões, é bilhões
A Transnordestina começou, em 2007, orçada em R$ 4,5 bilhões; foi reajustado para R$ 5,4 bilhões, em 2010; e por último elevado para R$ 7,5 bilhões. A estimativa é que termine em R$ 8 bilhões. Boa parte dessa grana já está enterrada nos canteiros de obra.