Não há o que discutir, foi despida a República brasileira. Os erros, vícios e defeitos dela estão revelados, surgem aos nossos olhos. Basta querer enxergar. Fazer vista grossa das coisas até que faz parte do comportamento humano, todavia, neste caso, encobri-los, em razão de algumas vantagens obtidas, é desinteligência por ser perceptível por todos, inclusive pela ótica internacional.
A República tupiniquim na era do golpe parlamentar-constitucional-judicial, que instalou o governo ilegítimo de Michel Temer no Palácio do Planalto, está doente. E, se não receber urgentemente o tratamento de higidez estrutural natural, pode ficar em estado de coma, isto é, vegetativo ou de inconsciência pela paralisia orgânico-funcional.
Está provado que o governo não governa. E todos os segmentos da sociedade sabem disso. E os responsáveis diretos pelo poder não se importam com isso. A eles só interessam as reformas que estão em curso que alimentam as expectativas e perspectivas de dias melhores para uma casta restrita dos estamentos sociais.
Não pode, de forma nenhuma, o governo agir à revelia da Nação, já que o povo não tem governo. Isso, por si só, é a própria negação da República, cujo termo vem do latim res publica, “coisa pública”, mas coisa pública sem a dissimulação do público para irrigar, robustecer, os interesses privados, particulares.
Os brasileiros não podem ficar, em pleno apogeu da informação e da comunicação digital, on line, circunscritos aos acordos e desacordos entre os poderes Executivo e Legislativo, como se isso fossa uma nova modalidade de governar. Já que, nesse cambalacho, não entra de jeito algum a governação do Estado brasileiro para todos.
O que se vê, em plena luz solar, é um estado de coisas que afronta a decência pública, quando o governo cambaleante, incriminado, de forma abusiva e desesperada, utiliza os recursos públicos, sem qualquer cerimônia, para buscar apoio através da cooptação de deputados da própria base aliada por meio das famigeradas emendas parlamentares.
Pois o governo utiliza as verbas públicas em benefício próprio. O pior é que tudo isso acontece depois de falsamente propalar equilíbrio fiscal de araque, que ultimamente só tem ficado na falácia, congelando e cortando investimentos nas áreas cruciais para o socorro humanitário da população conjugado com o desenvolvimento nacional.
O indigitado governo está restrito ao seu jogo do poder, qual seja, o do toma-lá-dá-cá para tentar manter o governo de pé, e contra o povo, contra o Brasil e contra a democracia universal.
Dito isso, acredita-se que a República brasileira não foi criada de fachada, como querem hoje os ocupantes do governo, mas para o público ser da coletividade pátria sem promiscuidade com o pessoal, particular ou grupal. Pois vestida da res publica. Por isso, está na hora dos poderes da República mostrar que não é efetivamente uma republiqueta bananeira, como muito se tem designado algumas Repúblicas das Américas.
*Deusval Lacerda de Moraes é economista
Deusval Lacerda*
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