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Editorial

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04/12/2017 - 13h08

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04/12/2017 - 13h08

Piauí precisa de um projeto estratégico de desenvolvimento

 

O jornalista piauiense Cliff Vilar, que atualmente trabalha no jornal cearense O Povo, usou as redes sociais nesse último final de semana para afirmar que o Piauí não possui um projeto estratégico de estado, diferente do vizinho, o Ceará, onde existe um há 56 anos, que foi implantado  pelo então governador Virgílio Távora, em 1962. E, o melhor, vem servindo de "farol" para todos os governantes. 

"Ano após ano, eleição após eleição, o eixo de debate não é propositivo. Um debate paroquial, sem rumo. Apenas uma quermesse dividida entre os azuis e encarnados. Enquanto isso, quando muito, disputamos as migalhas dos grandes investimentos. Pergunta: onde estão os programas de longo prazo?", problematiza o jornalista! 


A crítica do jornalista em grande parte é pertinente. Nosso Estado, apesar do esforço do governador Wellington Dias, em aumentar a arrecadação de ICMS e atrair investimentos privados - os mais recentes, como Parque de Energia Eólica e Produção de Placas de Energia Solar - permanece dependente de transferências financeiras e de empréstimos junto a União para fazer grandes investimentos e, o pior, até mesmo, em determinados períodos, para manter o custeio da máquina administrativa e honrar o pagamento de servidores.

"Disputa política é salutar, mas é fundamental ter e dar continuidade aos grandes projetos estratégicos para o Piauí", defende o jornalista. 


Pergunta-se: que projetos estratégicos a serem debatidos e planejados a médio e longo prazos poderiam servir de referência para que os sucessivos governantes descem continuidade, independentemente da coloração partidária de quem está no comando do Karnak?

Antes de responder essa pergunta, no Piauí temos o grande desafio ainda não superado, de alterar a cultura política dos partidos, de lideranças e gestores, tanto do governo, quanto da oposição. 

O fato é que no atacado, a administração pública piauiense continua sendo mantida por uma visão arcaica amparada e nutrida por cargos em comissão, pulverização de pequenos investimentos nos municípios e algumas sobras de obras estruturantes que são usadas para dar retorno e visibilidade pública bastante rápidos.

Basta ver que estamos a menos de um ano das eleições de 2018 e, sequer, existe qualquer debate sobre projeto estratégico para o Piauí. O governo W.Dias usa atualmente os recursos de investimentos, os R$ 600 milhões, contraídos através de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, em pequenas obras nos municípios, enquanto que a oposição, enciumada, vem tentando pegar beiradas para não ficar de fora. 

Infelizmente, no Piauí o debate paroquial ainda permanece. Governo e oposição, que deveriam dar um salto qualitativo no fazer político e pensar mais estrategicamente o estado, preferem acordões de bastidores, até mesmo porque é mais fácil, todos permanecem na zona de conforto, pois deste modo a privilegiada classe política ganha sempre e  reproduz mais facilmente seus herdeiros no poder. Enquanto isso, um grande plano de desenvolvimento para o estado tem prioridade zero. 

Cabe ressaltar que na última década os governadores e parlamentares federais piauienses têm feito um esforço para atrair investimentos e, principalmente para unir a bancada federal e assim cobrar do governo federal algumas obras estratégicas para o Piauí. Contudo, a maior parte dos recursos viabilizados são resultantes de emendas da bancada piauiense no Congresso e, tem sido destinadas em sua maioria, para mobilidade urbana nas maiores cidades, principalmente Teresina.

É importante também destacar que a visão de desenvolvimento do governador Wellington Dias é focada mais na área social. Para ele, um dos maiores desafios do estado é fazer com que todos municípios tenham equipamentos básicos de uso coletivo. Nesta área inclui-se pavimentação asfáltica das estradas que dão acesso dos municípios às PIs e BRs, a universalização do ensino médio e superior, matadouros e mercados públicos, hospitais e ou unidades básicas de saúde, abastecimento d'água, espaços de cidadania, calçamentos, fossas sépticas, passagens molhadas, delegacias com pessoal e equipadas, recuperação de estradas vicinais, apoio a agricultura familiar, centros culturais, campos de futebol, etc.  

O certo é que os esforços dos governantes e das empresas privadas até hoje não foram capazes de projetar o Piauí além de suas fronteiras, de fazer surgir um expressívo movimento de pressão liderado por políticos, empreendedores, representantes da sociedade civil organizada e opinião pública  para que grandes obras estruturantes de médio e de longo prazo sejam pensadas, planejadas e executadas. E, o mais importante, que o aporte de recursos a ser buscado junto ao governo federal seja visto como um direito e como políticas públicas afirmativas, capazes de contribuir para que nosso desenvolvimento social e econômico e, por consequência, elevem mais ainda nossa autoestima.    

O debate, planejamento, elaboração, negociação e viabilização de um grande projeto estratégico para o Piauí até hoje só tem rendido algumas obras fragmentadas no tempo e inacabadas que não apontam para uma direção mais firme e consistente. Tem sido assim com a eterna e já chata discussão sobre a função e construção do Porto de Luis Correia, a construção de ferrovias, hidrovias, cadeias produtivas, agronegócio, zona de processamento de exportação, grandes barragens, fruticultura irrigada, assistência aos pequenos produtores rurais.

Governo e oposição devem ser mais ousados e puxarem esse debate que está atrasadíssimo. Esta carapuça desafiadora também serve para FIEPI, Associação Industrial do Piauí, Câmara dos Dirigentes Logistas, as Universidades e Associações de Jovens Empresários, Produtores Rurais, Assembléia Legislativa, Socidade Civil Organizada, etc.  

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