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22/01/2018 - 12h24

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"Que Brasil eu quero no futuro?" se volta contra emissora dos Marinhos

A realidade atual no Brasil aponta que o político pulo do gato, que em mais de 50 anos deu certo para a Globo, desta vez terá sérias dificuldades para vingar no presente e no futuro.

 

A "Grobo" - nome escrito errado de propósito -, que é uma concessão pública de televisão, vive hoje sua pior crise. Criada em 1965, durante os governos militares, essa rede de tv sempre surfou na crista da onda, ou seja, se deu bem com a audiência em todos os momentos de crise e de raras alegrias democráticas do povo brasileiro.

Até antes do golpe na democracia brasileira com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, reinava praticamente absoluta no terreno das tvs abertas no Brasil. Foi só a internet se consolidar e se expandir, somado ao crescente desgaste do governo Temer, que essa crise de hegemonia midiática vem se aprofundando.   

A trajetória da emissora dos Marinhos é marcada pelo apoio a ditadura militar, aos governos Sarney, Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique e até mesmo ao de Lula. Este último, caiu no conto do vigário, ao negociar com esta emissora apoio mútuo. Foi só ocorrer o primeiro vacilo do governo petista, em 2005, com o chamado "mensalão", que a emissora deu o bote, rompeu o acordo, que um dia o Zé Dirceu e o Lula acreditaram que duraria até 2022. 

O segundo mandato de Lula e os de Dilma foram de ataques sem trégua a esses governos. Tudo em nome da "ética e no combate a corrupção", quando se sabe que o buraco era e é mais embaixo. Na verdade esse boicote foi intensificado, depois que os governos petistas rebaixaram a verba publicitária destinada à emissora e a seus demais veículos de comunicação. Somando a isto, os petistas passaram a financiar a EBC e centenas de sites na internet, inclusive os alternativos. 

É claro que Lula e Dilma erraram ao não fazerem uma reforma política. Sem isto e, para garantir a chamada governabilidade no Congresso, tiveram que ceder e fazer gestões de coalização, ou seja, com loteamento de cargos e recursos para aliados. Acrescente-se a isso o fato de que no Brasil, praticamente sem exceção, a maioria da classe política para se reproduzir no poder lança facilmente mão de caixa dois e, o pior, antes disto firma negociações promíscuas entre o Estado e grupos privadas. 

Sim, então por que a "Grobo" não surfa mais na crista da onda? É que a internet vem invadindo sem dó a praia pública de paraty que os Marinhos se apossaram. O mesmo vem acontecendo com outros conglomerados da mídia conservadora no Brasil. Com isso, as pessoas estão ficando mais livres para se informar nas redes sociais e, o melhor,  produzir seus conteúdos. 

A emissora dos Marinhos juntamente com boa parte da mídia conservadora vêm recebendo cada vez mais duras críticas de setores organizados da sociedade por produzir e fomentar um tipo de cultura vulgar e rasteira, não condizente mais com os anseios da cidadania brasileira. Adicionado a isto, a "Grobo" é hoje também acusada de lançar mão de esquemas de propina, tal qual ela ataca grande parte da classe política, para garantir a transmissão de jogos da copa do mundo e do campeonato brasileiro de futebol.    

Felizmente grande parte do povo brasileiro vem acordando para as estratégias da mídia conservadora, cuja finalidade maior é amparada por interesses próprios e dos grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, colocando assim de escanteio o interesse público nacional. Daí a busca cada vez mais do brasileiro pelo acesso a conteúdos alternativos, diversificados e plurais, somada a produção conteúdos (textos, fotos e vídeos) na internet. 

Por que então a "Grobo" não navega mais na crista da onda? Aqui cabe recordar que em 1992, quando o então presidente Fernado Collor pediu que a população se vestisse de verde e amarelo em sua defesa, o povo reagiu se vestindo de preto e colocando preto em suas janelas. Na época, a "Grobo" que espertamente apoiava Collor, deu o político pulo do gato e terminou apoiando os caras pintadas e o "Fora Collor", para depois apoiar e atacar Itamar Franco e logo depois abraçar em definitivo Fernando Henrique Cardoso.   

Em 2013, 2014 e 2015, a emissora embalou os verdes e amarelos, coxinhas e paneleiros. Colocou um cano de oleoduto da Petrobras jorrando dinheiro e todo santo dia fazia um inferno com o governo Dilma. Quem não lembra da campanha contra o aumento, após dez anos, do preço da gasolina? Das imagens de petistas sendo presos? Das constantes pesquisas mostrando a queda de popularidade de Dilma? Da divulgação da conversa entre Dilma e Lula? Da campanha para que Lula não assumisse o ministério de Dilma? Do espetáculo das matérias mostrando a PF invadindo o apartamento de Lula, da condução coercitiva da PF do ex-presidente?, etc,.

Nesse mesmo período e mais adiante fez de tudo para esconder seus aliados políticos das denúncias da Lava Jato. Não teve jeito, terminou Aécio Neves foi flagrado em gravações negociando propina, Cunha, José Serra  e Alckmin delatados pela Odebrecht; Temer, Moreira Franco, Elizeu Padilha idens, Geddel (malas e caixas de dinheiro). Temer foi flagrado negociando propina da JBS para custear despesas de Cunha, depois denunciado por duas vezes pela PGR e absorvido por parlamentares em troca de emendas e de leis favoráveis aos seus negócios. Acrescente-se a isso, o aumento diário do gás, da gasolina, a lapada do reajuste da energia, a precarização do emprego e o aumento do custo de vida.     

É fato, que com a posse de Temer, a emissora dos Marinhos deu uma trégua na onda de denúncias tal como fazia na era dos petistas, afinal passou a ser contemplada com um volume maior de recursos publicitários do governo federal. E, por convicção ideológica, passou então a abraçar reformas que cortam direitos do povo brasileiro, como o projeto da terceirização, da reforma trabalhista, da previdência e as privatizações. 

Com a popularidade de Temer na lona e com o avanço da proximidade das eleições presidenciais, os Marinhos já ensaiam o abandono, para isso já projetam a candidatura de um "novo salvador da pátria", tipo Collor, em 1989, e que agora poderá ser Luciano Huck. E, para se mostrar "preocupada" com o Brasil, agora pede aos brasileiros que gravem vídeos e enviem à emissora respondendo a questão: Que Brasil eu quero no futuro? 

Ao que parece o tiro vem saindo pela culatra, é que já circulam nas redes sociais milhões de vídeos em que as pessoas ironizam ou respondem o que querem no futuro para o Brasil, ou seja, defendem: Lula Presidente,  fazem denúncias do abandono social do povo e que o monopólio da rede "Grobo" acabe. 

Ao que tudo indica, o político pulo do gato, que em mais de 50 anos sempre deu certo para a "Grobo", terá sérias dificuldades para vingar dessa vez. A não ser que tenhamos a volta de um regime autoritário. Mesmo assim, as redes sociais, não deixarão barato, pois vieram para desbancar esse modelo vertical, concentrado e nocivo de mídia, do qual a emissora dos Marinhos se manteve durante cinco décadas. O certo, é que mesmo se reinventando terá cada vez mais dificuldades num futuro próximo de manter pelo menos 10% da hegemonia que já teve.  

Quem viver, verá! 

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