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Editorial

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19/02/2018 - 20h14

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19/02/2018 - 20h14

Se colar teste da intervenção do exército, a democracia vai para o beleleu

Diante dessa conjuntura adversa, sujeita ao risco de se impor ainda mais retrocessos, lutemos para que as eleições diretas sejam garantidas este ano.

 

O governo Temer e seus aliados - grandes grupos econômicos e a mídia conservadora - vêm testando as instituições e o povo brasileiro para ver se cola. Foi assim quando do impeachment da presidente Dilma, na Operação Lava Jato que faz uma cassada praticamente só de Lula, que cresce nas pesquisas eleitorais. Agora, chegou a vez de testar o exército nas favelas do Rio de Janeiro com o argumento de combater a violência. 

Se a democracia brasileira já estava golpeada, agora com a intervenção do exército nas áreas pobres do Rio de Janeiro, vive sob ameaça de não ser retomada a partir de 1º de janeiro de 2019. É que essa medida, sob o pretexto de conter a violência, poderá se transformar numa ameaça as eleições presidenciais deste ano, descambar para o autoritarismo e a perseguição política-ideológica, tal como aconteceu em 1964. 

Esse é um alerta não se pode ser descartado, até mesmo porque as forças de centro direita estão tendo dificuldades para emplacar um candidato competitivo de sua confiança nas eleições deste ano. 

A última pesquisa do Data Folha mostrou novamente o crescimento do ex-presidente Lula, agora para 37%, distanciado do segundo colocado, Jair Bolsonaro, que apareceu com apenas 16%. Nas simulações de segundo turno, Lula sai vitorioso contra todos os seus adversários. Interessante é que a pesquisa mesmo sem ter revelado de forma explícita, em caso Lula não ser candidato, o ex-presidente tem força para emplacar um candidato competitivo, com chance de ir e até vencer num segundo turno.  

É que até agora as candidaturas de centro direita estão estagnadas. Temer está na lona, Alckmin patina, Luciano Huck desiste, Bolsonaro não é confiável e Marina Silva, uma incógnita. 

Diante dessa imprevisibilidade, os conservadores retomam os testes para ver se a sociedade brasileira simpatiza e aceita soluções políticas testadas no passado e que deram certo para eles. Em 1964, a estratégia foi espalhar a ameaça, o medo de que os comunistas, que "comiam criancinhas", tomariam de assalto o Brasil. 

Desde 2005, a partir do surgimento do chamado "mensalão", o Brasil passa a ser ameaçado pela "maior corrupção da história". A nação precisava se livrar dos corruptos para poder se desenvolver. Essa lógica só funcionou enquanto os petistas estavam no poder. A partir do momento que foram sacados, o governo Temer e sua turma, já flagrados em todo tipo de corrupção, essa bandeira deixou de ser hasteada pelos conservadores.

Quando é agora, Temer e seus aliados abraçam uma estratégia perigosa que é usar da intervenção militar para conter a violência. A verdade é que o maior problema do Brasil é a concentração de renda que precisa ser contida e a riqueza melhor distribuída com o povo. Isto não se resolve colocando o exército nas favelas e sim com democracia, políticas sociais, mais transparência e maior controle social do Estado. 

É fato que no Brasil há muitos roubos dos recursos públicos, muitos se aproveitam do tráfico de drogas, bacanas e desesperados compram drogas, a violência aumenta, o governo Temer e mídia conservadora se aproveitam, direita e esquerda se lambuzam nas gestões públicas. Quanto ao exército, que este cumpra sua função constitucional e não repita a aventura política de 1964. Enquanto isso, o nosso Brasil não sai do buraco.

Diante dessa conjuntura adversa, incerta, sujeita a testes e com o risco de se impor ainda mais retrocessos, lutemos para que as eleições diretas sejam garantidas este ano. Somos desafiados a exercitar mais e mais a democracia até aprendermos, afinal a democracia brasileira, nessa nossa história de mais de 517 anos, não tem nem 50 anos de vida e, pior, não teve muita chance de ter prosperado sem ser golpeada.

Lutemos por democracia, liberdade e igualdade sempre!     

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