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Quinta-feira, 02 de maio de 2024
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contato@acessepiaui.com.br

22/02/2018 - 21h08

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22/02/2018 - 21h08

Moradores sofrem com exclusão e falta de acesso em bairro de Dom Inocêncio

Recém-construído, bairro fica isolado sempre que riacho enche. Moradores da área se sentem excluídos.

Moradores relatam drama e afirmam que são excluídos

 Moradores relatam drama e afirmam que são excluídos

A expansão urbana da cidade de Dom Inocêncio, no sertão do Piauí, fez surgir uma nova cobrança. Com a construção de casas do programa "Minha Casa Minha Vida" nas proximidades do campo de aviação, que fica do outro lado do riacho Curral Novo, os moradores agora cobram a construção de um acesso. Sem uma ponte ou passarela, o novo bairro apelidado de “Aeroporto” chegou a ficar temporariamente isolado entre os dias 7, e 9 de fevereiro por conta da cheia do riacho.
 
Hoje, aproximadamente 40 famílias moram na área e temem a repetição dos transtornos nos períodos chuvosos. E as primeiras preocupações em 2018 já começaram. Com o grande volume de água no riacho registrado em alguns dias de fevereiro, os moradores ficaram sem acesso ao centro da cidade e o temor é que tudo se repita todas as vezes que as chuvas se intensificarem no município. Para muitos moradores, falta atenção das autoridades com quem vive no local.

A moradora Regiane (de costas) relata transtornos (Foto: Gustavo Almeida)
 
A dona de casa Regiane Lopes, 27, passou por um grande susto. Ela mora no bairro há cerca de um ano com o marido e duas filhas, uma de 7 anos e outra de 7 meses. A moradora conta que estava sozinha com as crianças por volta das 14h do dia 7 e teve que ir ao Centro da cidade levar a menina mais velha no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Ao sair, deixou a filha mais nova com uma vizinha. O problema é que Regiane conseguiu passar tranquilamente na ida, mas foi surpreendida na volta.
 
“Saí para deixar minha filha mais velha no CRAS e deixei minha bebê com a vizinha. Era uma viagem de menos de cinco minutos para ir e voltar. Eu fui, na ida passei no riacho tranquilamente porque tinha pouquinha água, mas quando voltei tomei um susto. A água tinha chegado de vez e não dava mais para eu passar na moto. Me deu um nervoso na hora, um desespero, porque minha pequenininha estava do outro lado”, relatou.


Riacho com grande correnteza no dia 7 de fevereiro (Foto: Regiane Lopes)
 
Regiane conta que avistou a vizinha na outra margem com a filha nos braços e resolveu se arriscar na travessia. Sem poder passar de moto, ela atravessou a correnteza a pé, pegou a filha e levou para o outro lado antes que o nível das águas subissem ainda mais. No mesmo dia, ela também pegou roupas, documentos e outros pertences. Por precaução, preferiu não ficar em casa até que as águas baixassem.


Com diminuição da água, travessia é possível, mas com transtorno (Foto: Gustavo Almeida)
 
“Por mim eu até ficaria na minha casa, mas eu pensei nas minhas filhas. Se por acaso alguma delas adoecesse, como eu iria fazer com o riacho cheio e sem o meu marido que não estava em casa? Aqui tem famílias com crianças, diabéticos que dependem de insulina e pessoas deficientes. Necessitamos de uma ponte ou uma passarela que dê acesso ao outro lado da cidade, pois senão todas as vezes que o riacho estiver cheio o pessoal vai ficar isolado. Aqui não tem comércio, não tem farmácia e tudo que precisamos temos que ir ao Centro da cidade”, descreve a moradora.
 
O pastor evangélico Tadeu Ferreira Nunes foi um dos primeiros moradores do novo bairro e também descreve o drama de quem mora na área todas as vezes que o riacho Curral Novo enche. Ele lembra que em 2016, quando o município registrou grandes enchentes, chegou a ficar 11 dias sem poder passar no riacho, o que provocou muitos transtornos. O medo dele é que a situação venha a se repetir.


Pastor lembra que ficou 11 dias isolado em 2016 (Foto: Gustavo Almeida)
 
“É uma situação difícil para as pessoas que moram aqui. Quando chove muito a gente acaba ficando isolado. Aqui tem crianças e idosos e nós queríamos que os políticos olhassem para esse lado. Fiquei 11 dias sem poder passar em 2016 e aquilo pode se repetir. Nós também somos habitantes do município e precisamos de atenção das autoridades”, fala.
 
A professora Patrícia da Silva Oliveira é outra que teme transtornos por conta da falta de acesso ao bairro. Residindo no local há um ano, ela diz que fica com medo todas as vezes que chove forte. “Quando chove a gente já fica com medo. Esse ano, pelo menos até agora, foram poucos dias [de muita água no riacho]. Mas e se ficar vários dias sem poder passar, como fica?”, questiona.


Novas chuvas fizeram nível da água subir na terça-feira (20) (Foto: Regiane Lopes)
 
PREFEITURA SE MANIFESTA
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Dom Inocêncio informou, por meio do secretário municipal de Obras, Joaquim Luiz Pereira Neto, que o acesso para o bairro já foi reivindicado pela atual gestão. Pereira disse ainda que outras melhorias como água encanada e energia elétrica também foram cobradas para melhorar as condições de moradia na área.

Especificamente sobre o acesso, ele falou que já esteve com um engenheiro “tirando pontos e fazendo medições para elaborar o projeto”. O secretário, no entanto, não informou se o projeto vai contemplar a construção de uma ponte ou de uma passarela.


Dezenas de famílias passaram a morar no local em dois anos (Foto: Gustavo Almeida)
 
MAIS PROBLEMAS
A falta de acesso ao novo bairro não é o único problema. Até hoje o local não conta com energia elétrica regular instalada. Os moradores vinham usando gambiarras para terem o serviço. No entanto, os improvisos [que são irregulares] foram cortados por uma equipe da Eletrobras Distribuição Piauí na última segunda-feira (19), deixando todos na escuridão.

As unidades habitacionais referentes ao programa Minha Casa Minha Vida no bairro Aeroporto foram ocupadas pelos beneficiários antes que a entrega fosse oficialmente autorizada e sem que o fornecimento de energia elétrica tivesse sido instalado.

Mesmo assim, a Eletrobras Distribuição Piauí foi procurada pela reportagem e prometeu enviar um posicionamento com uma previsão de quando as instalações elétricas do local serão providenciadas. Os esclarecimentos solicitados, no entanto, ainda não haviam sido enviados pela empresa até a publicação da matéria. O Acesse Piauí publicará assim que a nota chegar.
 
 

Gustavo Almeida

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