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Quinta-feira, 02 de maio de 2024
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Dom Inocêncio

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contato@acessepiaui.com.br

11/06/2018 - 08h05

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11/06/2018 - 08h05

O que comemorar?

Dom Inocêncio: para uma terra que já teve Padre Lira, homem desbravador, é triste ver agentes públicos cuja fama não passa de um perfil no Facebook.

Cidade de Dom Inocêncio - Piauí

 Cidade de Dom Inocêncio - Piauí

Na última quinta-feira, 07/06, nosso querido município de Dom Inocêncio completou 30 anos de emancipação política. A data foi celebrada por centenas de inocentinos nas redes sociais e dezenas de políticos do Piauí, cuja maioria deles nunca pisou os pés lá.

Devemos mesmo exaltar a nossa terra e lembrar do seu aniversário. Eu fiz isso nas minhas redes sociais. Nós devemos nos orgulhar do lugar que nascemos, sim! Mas, passados três dias do aniversário, resolvi postar o que tive vontade de fazer no mesmo dia 7. Não o fiz porque entendi que, naquela data, não era ideal. O dia era de exaltar!

No entanto, é preciso dizer que chegamos aos 30 anos passando por um dos momentos mais difíceis da nossa história. No fundo, não há nada o que comemorar! Parece até difícil quem é de fora acreditar, mas estávamos muito melhores quando completamos 10, 15, 20 anos. Hoje, nossa cidade vive dias críticos. Uma realidade que parece piorar a cada dia.

Nas coisas boas em que éramos destaque, deixamos de ser. E aspectos negativos que não faziam parte da nossa realidade, passaram a fazer. Perdemos o brilho na educação, ganhamos o obscurantismo da droga. Perdemos o sossego e as celebrações de cidadania, ganhamos a onda de insegurança. Perdemos líderes pioneiros e de vanguarda, ganhamos criaturas que só têm prestígio nas fotos.

No dia em que a cidade completava 30 anos, vários inocentinos que voltavam da zona urbana eram interceptados por bandidos numa estrada na zona rural, ação típica de terras sem lei. Dias antes, tivemos idoso surpreendido por criminosos em sua casa numa pacata comunidade rural, comerciante assaltado cedo da noite na zona urbana. São só alguns exemplos. A quem recorrer? Só a Deus. O resto não existe!

Lazer quase zero, comércio local destroçado, educação sucumbida, jovens sem perspectiva. Uma realidade que se avolumou drasticamente nos últimos anos. Sem liderança, sem nenhuma referência hierárquica e sem ordem, Dom Inocêncio segue de ladeira abaixo, tornando cada vez mais distantes aqueles tempos de glória que nos fizeram destaque, por várias vezes, na imprensa nacional.

Um dos principais problemas que enfrentamos hoje é, também, a mediocridade. Para uma terra que já teve Padre Lira, homem desbravador, que batia em mesa de juiz e dava esporro em governador, é triste ver agentes públicos cuja fama não passa de um perfil no Facebook. É óbvio que Padre Lira era diferenciado e ninguém será como ele, até porque os tempos são outros, mas cabe exemplificar para dimensionar a disparidade de realidades que vivemos.

Na última década, fizemos a curva para baixo e não temos conseguido mudar a direção. É preciso fazer a curva para cima e voltar a vislumbrar alguma realidade mais positiva. É necessário combater a desordem, as visões pequenas, elucidar fatos e seus personagens, estimular uma virada de realidade em nossa terra querida. O hino de Dom Inocêncio diz que "a flor nunca há de murchar", então temos sempre que manter a esperança.

Para mim, não é fácil escrever textos como esse, principalmente porque sempre procuro exaltar a minha terra. Não abro mão disso! No entanto, escancarar uma realidade como essa é, também, uma demonstração de amor.

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Gustavo Ameida é jornalista e natural de Dom Inocêncio-PI.

Gustavo Almeida

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