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Quinta-feira, 02 de maio de 2024
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Dom Inocêncio

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contato@acessepiaui.com.br

26/08/2019 - 08h37

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26/08/2019 - 08h37

A DOÇURA DA VIDA

Poucas coisas são tão legais como a sensação de se deparar com um umbuzeiro carregado de umbus docinhos.

Na Fundação Ruralista, em Dom Inocêncio, está de pé até hoje esse imponente umbuzeiro.

 Na Fundação Ruralista, em Dom Inocêncio, está de pé até hoje esse imponente umbuzeiro.

Quem é da caatinga conhece cada pé de umbuzeiro das redondezas onde mora. Sabe quais deles botam umbus mais docinhos e os que dão os frutos mais azedos. Sabe também quais os umbuzeiros começam a brotar primeiro após as chuvas de dezembro e quais os que resistem mais tempo com frutos após o mês de abril. São detalhes que o sertanejo conhece.

Poucas coisas são tão legais como a sensação de se deparar com um umbuzeiro carregado de umbus docinhos. Na Fundação Ruralista, em Dom Inocêncio, está de pé até hoje esse imponente umbuzeiro, bem no centro, adornando o vilarejo há muitas décadas. Nos períodos de chuva, ele fica carregado e o chão debaixo dos seus galhos também repleto de umbus.

Certa vez, quando morava na Fundação e tinha só uns oito anos, levantei cedo para ir catar os umbus que amanheciam maduros no chão. Ao chegar, não tinha quase nenhum. Rastros indicavam que alguém havia acordado mais cedo ainda e passado lá. Depois, fiquei sabendo que uma menina tinha ido antes e levado os umbus que amanheceram no chão.

A minha indignação infantil diante daquela cena me fez reagir. Decidi que no dia seguinte ela não chegaria primeiro do que eu, pois também ficara sabendo que a menina iria novamente pegar os umbus. Não me recordo se avisei aos meus pais, mas no dia seguinte, saí às 5h da manhã com umas sacolas e fui. Dessa vez, achei todos os umbus e levei praticamente tudo.

Na volta, com minhas sacolas abarrotadas, encontrei a “concorrente”. Foi meio constrangedor, recordo-me. Ela acordara cedo novamente, mas não contava que mais cedo eu havia acordado. Assim como eu, ela também era criança. Era uma disputa sem maldade. Naquele dia, ela não chegou primeiro, perdeu e os umbus maduros do chão tiveram outro dono.

Na vida, as conquistas são como os umbus maduros que amanhecem no chão. Se você não for determinado a ter o que quer, outro vai lá e conquista. Assim como nessa disputa pelos umbus maduros, também é preciso aprender com a derrota, saber que nem sempre se ganha, mas que ela deve ser fonte de determinação para que amanhã venha a vitória.

Com determinação e persistência, as conquistas hão de vir e, com elas, a vida tende a ficar sempre mais doce, tal qual os umbus maduros que amanhecem deliciosamente no chão. 

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Gustavo Almeida é jornalista, nas redes sociais. 

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