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Sexta-feira, 26 de abril de 2024
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Gorete Gonzaga

Gorete Gonzaga

gonzagagmaria@gmail.com

09/01/2018 - 16h43

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Gorete Gonzaga

gonzagagmaria@gmail.com

09/01/2018 - 16h43

Só aceitei porque não tem que pegar ônibus

O que estou dizendo aqui é que usar o sistema de coletivo urbano para ir de um lugar a outro nesta cidade é, no mínimo, um horror.

Vamos falar de ônibus. Mas, não é divertido assim...

 Vamos falar de ônibus. Mas, não é divertido assim...

Recebo convite para escrever nesse site. Digo sim, lógico.  Uma grande alegria e uma honra. Então, aqui, vamos! Às terças-feiras, estaremos juntos, trocando umas ideias sobre nosso mundo, fatos e ideias que nem são novas, nem velhas, mas nos afetam. Acontecimentos que nos levam ao crescimento, e, por tal façanha,que mereçam nosso reconhecimento público. Também aquelas ações que dão testemunho do nosso atraso humanitário.  Denunciá-las será nossa forma de combatê-las. A forma será post! Um.  Vários. Uma série. Quantos sejam necessários!

Opa! Vai precisar de uma reorganizada na agenda de trabalho também para esta contribuição semanal! Minimamente, pelo menos.

Definidos, pois, o perfil da coluna e o ritmo de produção, vem o grande alívio. Ufa! Que bom não ter que sair de casa para entregar os textos! Penseaí ter que pegar mais um ônibus no dia a dia para estar aqui no Acesse Piauí? Viva a santa virtualidade que nos salva!

E olhe que não vamos falar de papos modernosos como “trabalho convencional versus trabalho virtual” (as vantagens de não se preocupar com o que vestir, os perfumes e os eteceteras da vida). Não, nada disso. O que estou dizendo aqui é que usar o sistema de coletivo urbano para ir de um lugar a outro nesta cidade é, no mínimo, um horror. (Pode falar gíria aqui, pode? Pois deixa dizer assim: é sinistro, cara!)
 
É algo entre o terror e a barbárie!

Sabe o que é isso? Pois,aqui vai um desenho para bom entendedor.  Nem digo desenho, porque passaremos por cima de tantos outros preocupantes aspectos para não estender muito o tema. Apenas pincelemos, pois, alguns pormenores só para suscitar o debate (já está passando da hora de alguém falar em transporte coletivo e cidadania).

Andar de ônibus (uma expressão bem Teresina!), para quem mantém vivo a tal lado humano tão fora de moda, é algo que definitivamente nos afeta. Dependendo do passeio, por R$ 3,60, você pode vivenciar desde indignação, medo (porque agora os ladrões entram e tomam o ônibus de assalto, literalmente!) até profunda tristeza pelo que presencia e quase nada pode fazer. Às vezes, intrépida aventura: já vi motorista apagar princípio de incêndio no veículo em plena Frei Serafim!

Raros são os dias em que não se testemunhe o pranto nervoso e traumatizado de mais uma pessoa assaltada enquanto pegava ônibus. Derramei o meu em junho passado!

O roubo, quase sempre de moto e uma arma apontada para a cara da vítima, se não acontecer na parada de ônibus ou dentro dele, será no percurso.(Um parêntese aqui: assalto express pode ser considerado crime de gênero? porque se alguém aí estiver anotando as estatísticas, certamente, vai perceber que a maioria dessas vítimas são mulheres! ...contudo, justiça (justiça?)seja feita, sabemos de relatos masculinos arrepiantes, verdade!)
Enfim, retomemos o percurso para a viagem. Em Teresina, a demora é tamanha que dá tempo ouvir ou falar do futebol, da novela ou uma série qualquer sobre games, tronos ou zumbis, do #foraTemer ou outro assunto de sua preferência - até dicas de tratamento capilar no estilo “faça você mesmo”!

Isso tudo em pé, de cara para o sol (o das 7 pensa que é o das 10 e o das 10 disputa com o sol do meio dia!) ou sentados naqueles tijolinhos de concreto que algum artista moldou!
Misericórdia!

E aí, finalmente, chega o ônibus. Vendo tantos rostos sofridos e sonolentos, uma leve suspeita de que aquelas criaturas dormiram ali, pois o ônibus já vem cheio delas! E devem estar adormecidas mesmo - pelos menos, os senhores e senhoras de mais idade, pois, já no arranque do piloto (a palavra motorista não cabe na maneira como alguns conduzem...), são arremessados direto para o chão do veículo.

 Repito: é bastante comum – mas, nada aceitável!– acontecer uma queda de um ou passageiro antes que ele ou ela tenha se acomodado.
Omitindo o fato de que os assentos e espaços obrigam a uma proximidade física incômoda entre pessoas estranhas, vamos para o percurso, para concluir que ônibus deve ter sido feito para gente saudável, de academia mesmo, com o corpo e o condicionamento físico em dias.

Se não, vejamos. Um senhor com o pé engessado se equivoca e não desce na parada que desejava, ali, no Hospital Getúlio Vargas. Pede misericórdia ao motorista – que, por sua vez, faz ouvido de mercador - e não tem jeito. O infeliz tem que descer lá na Praça doFripisa. Está me acompanhando? De gesso, de idade avançada, mãe com bebê no colo, pessoa com qualquer outra restrição e sob o sol do Equador, o que seja, se vai ao Centro de Teresina, ou desce no HGV, no Fripisa ou no Mercado Central. Tem outros que levam você até a Praça João Luiz, mas, você tem que mudar de bairro!

Na volta, paga-se todos os pecados do mundo disputando uma oportunidade para adentrar no veículo, mal tendo ele estacionado. Selvagens? Apenas humanos tentando voltar para casa após seus turnos de trabalho, estudos e obrigações em geral. Alguns deles, após enfrentarem longas filas de espera por aí.

E se a parada for justo aquela da Frei Serafim...ah! espere aí, que esse é um preâmbulo para futuro post: na frontal com sol,numa pavorosa experiência  de algum laboratório de perversidade!  Os participantes - gente de carne e osso -veem-se obrigados a subir nos bancos tentando proteger-se do castigador sol apunhando o corpo todo.

Sorte que dá para proteger pelo menos o rosto. Uma cena digna do teatro do absurdo.

Mais sorte ainda – agora toda minha – que, como disse anteriormente, o acesso ao Acesse Piauí é de forma virtual.

Suados R$ 3,60 economizados, porque os senhores donos de nossas vidas já anunciaram que não podem viver sem nosso rico dinheirinho. Mesmo nos tratando como cão sem dono!
 

Free Pixabay

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