Neste primeiro quartel do século XXI, o Brasil, que era dos países chamados emergentes um dos mais promissores, sofreu terrível revetério. Padece da inversão sistêmica estatal, em razão do golpe parlamentar-constitucional-judicial vigente.

Isto tem causado temerária e quase irreversíveis alterações na institucionalidade pátria. Muita aberração e estupidez têm acontecido. E a grande maioria da população está assistindo estarrecida e boquiaberta esse cipoal de invencionices na vida nacional.

Para começar, o próprio golpe, consumado oficialmente em 31 de agosto de 2016, foi patrocinado pelos conservadores e pela direita reacionária, bem como involuntariamente pelo povo brasileiro, quando algumas agremiações partidárias e lideranças politicas aderiram-no visando à oferta de cargos na máquina administrativa federal e ainda por outras benesses públicas.

Eis o tamanho da hipocrisia dos golpistas, pois, utilizando-se de artifícios institucionais, ludibriaram a sociedade tupiniquim quando abocanharam o comando da Nação, impuseram a castração de inalienáveis direitos da classe trabalhadora, cercearam garantias fundamentais da pessoa humana e ainda por cima adotaram o ilícito governo da atual casta mandatária.

Assim, nada mais prejudicial poderia ter ocorrido com o Brasil no limiar deste século XXI. Pois tal anomalia institucional deformou a estrutura organizacional do País, com sérios reveses para o presente e com obscuras perspectivas para o futuro. E tudo isso a expensas do bem-estar do nosso povo, a quem o golpe deferiu as suas garras ferinas.    

Deusval Lacerda de Moraes é economista