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Sabado, 04 de maio de 2024
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Gorete Gonzaga

Gorete Gonzaga

gonzagagmaria@gmail.com

13/03/2018 - 11h10

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Gorete Gonzaga

gonzagagmaria@gmail.com

13/03/2018 - 11h10

Um intrépido homem com um relógio preso no pulso!

Demoiselle 1908, o último avião de Santos Dumont

 Demoiselle 1908, o último avião de Santos Dumont

Nossa! O tal do tempo vai voando mesmo – e já estamos por finalizar o primeiro trimestre do ano que outro dia festejávamos a chegada! A velocidade é tamanha que alguns já se sentem atabalhoados com tantas coisas por fazer, com a nítida sensação de que todo tempo que se tem não é o suficiente!

Por precaução, decidi instalar no celular um daqueles lindos relógios com alerta para os dias de O Que Nos Afeta. Lá fui, na loja de apps do Google, buscar um aplicativo bem bacana. E foi quando me veio à memória a intrépida história que um amigo apaixonado por relógios me contou, há muito tempo. Uma curiosidade dentro da já fascinante história do pioneiro da aviação, o brasileiro Alberto Santos Dumont.

Santos Dumont (que nasceu em Minas Gerais, no dia 20 de julho de 1873) foi um aeronauta, esportista e inventor inspiradoramente criativo e ousado. O franco-brasileiro continua sendo o primeiro ser humano a decolar e voar, em um aparelho mais pesado que o ar (o famigerado 14 Bis), em um evento certificado e homologado pela Fédération Aéronautique Internationale (FAI).

Isto, todos sabemos, a despeito das polêmicas e debates sobre o pioneirismo da aviação no mundo.

O que pauta a nossa conversa desta edição é, portanto, uma outra aventura do nosso Pai da Aviação. Foi ele quem, pela primeira vez, na História, amarrou um relógio no braço, por uma necessidade. Por sua causa e pleito, surgia o relógio com pulseira para o punho, transformando completamente a forma individual de se acompanhar o passar do tempo – até os tempos atuais, quando muitos preferem os ponteiros digitais dentro de seus aparelhos celulares para o mesmo fim.
 

Para Dumont, Cartier criou o primeiro relógio de pulso

Mesmo as gerações da era digital que acreditam que o relógio nasceu com o celular, dentro dele - nem mesmo esses pequenos desavisados se surpreendem diante da visão do objeto em sua forma física: agarrado no pulso de alguém, sustentado por uma pulseirinha de couro ou metal.
Agora, imagine a situação nos meados dos 1900. Até para a Paris que ditava moda foi um frisson total. O objeto popular para marcar o tempo era, até ali, o charmoso relógio de bolso. Ouro puro, sempre bem guardado no bolso pequeno de um traje. Seu usuário o recorria, consultava o tempo e novamente, para o bolso.

Homem rico e elegante da época, o aviador notório também possuía tais joias, mas, começou a considerar a correntinha e o fato de ter que retirar e recolocar o relógio no bolso algo pouco prático (para seus objetivos). Queixando-se a seu amigo dileto, Louis-François Cartier, surgiu a solução para as angústias do piloto em matéria de controle dos minutos e segundos que o separavam de seus recordes no ar.

A ideia teria surgido exatamente em outubro de 1901, quando Dumont, no seu dirigível N°6 (o homem era também um construtor de aeronaves!) conquistou o Prêmio Deutsch de la Merthe, dando a volta pela Torre Eiffel e voltando em menos de 30 minutos, como exigia o certame.

Recebido como vencedor do desafio, o brasileiro ficou surpreso, pois não tinha certeza se havia conseguido, sem noção que estava do tempo de seu próprio voo. Dirigir a aeronave lhe exigia as mãos, não podendo abrir mão disso nem um segundo para conferir as horas que carregava no bolso.


Relógio de bolso confere elegância, mas atrapalha o voo.

No voo seguinte, Dumont já exibia no pulso a inusitada inovação com o peso da marca Cartier para cronometrar o tempo que ele levou para o recorde mundial de aviação, em novembro de 1907. Foram exatos 21 segundos para um voo de 220 metros.

Bom, final da história? Os Cartiers de pulso, com pulseira de couro, foram e são tanto sucesso que ainda são bastante vistos em elegantes punhos masculinos e femininos de todas as partes.

Já os dirigíveis do brasileiro, não. E, embora tenha ele, Santos Dumont, se enforcado, no 23 de julho de 1932, de desgosto e remorso pelas mortes que seu invento causou, como arma de combate na Primeira Guerra Mundial, seu grande legado para a História da Humanidade. Como ele profetizou, aviões, carregados de objetos e pessoas, cortam os céus da Terra, o tempo todo, em pleno voo.
 

 
 

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