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Segunda-feira, 20 de maio de 2024
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José Osmar

José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

21/05/2019 - 08h51

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21/05/2019 - 08h51

IMPRESSÕES DE UMA VIAGEM A CUBA (Capítulo I)

De tanto me mandarem pra Cuba, eu finalmente fui. Tomamos o avião da CopaAirlines em Guarulhos/SP com destino à Cidade do Panamá.

Placa em neon, nas margens do Mar do Caribe, ao cair da noite em Havana.

 Placa em neon, nas margens do Mar do Caribe, ao cair da noite em Havana.

De tanto me mandarem pra Cuba, eu finalmente fui.
 
Aconteceu no mês de março/abril deste ano de 2019. Quinze dias na “Ilha de Fidel” foram suficientes para eu entender quem é e como vive o povo cubano, e como funciona o seu sistema político e econômico.

Pretendo escrever uma série de pequenos artigos sobre essa viagem, a começar pela viagem em si.

A VIAGEM

Tomamos (eu e minha mulher) o avião da CopaAirlines em Guarulhos/SP com destino à Cidade do Panamá. Em seguida, novo avião (também da Copa) para Havana. Saímos de São Paulo por volta de 1:30 e desembarcamos no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, ali pelas 11:30, hora local (São Paulo está uma hora à frente de Havana). 
O avião estava lotado de pessoas que, em sua maioria, pareciam turistas:  argentinos, europeus e norte-americanos. Brasileiros, aparentemente apenas nós.

No desembarque, a primeira impressão ruim: uma funcionária da imigração discretamente me pediu uma ajuda, alegando que os salários estavam muito baixos. Foi um choque. Pensei mil coisas em segundos. Quem sabe era uma cilada, alguma tentativa de verificar se eu me interessava em corromper alguém do aeroporto para alguma ação criminosa, contrarrevolucionária? Lembrei-me que alguns “coxinhas” que conheço haviam me “alertado” que todos os meus passos seriam vigiados em Cuba. Quem sabe aquela mulher gordinha seria a “sombra” que me acompanharia de longe pelo País?! Mas não podia ser. A polícia secreta cubana tem fama de ser uma das melhores do mundo. Como poderia uma agente deles dar uma bandeira daquelas?! Por via das dúvidas, me fiz de desentendido e não dei nada. No artigo sobre como vive o povo cubano voltarei afalar desse caso.

Passado o susto, olhei para os lados e vi um aeroporto simples, funcional e muito limpo. Lojas, restaurantes e lanchonetes, todos do Estado. Como a gente sabe, aeroporto é um lugar amaldiçoado. Sim, porque só num lugar habitado pelo demônio um pão de queijo de 30 gramas pode custar dez reais! Mas, como iríamos mais tarde constatar, o preço de um sanduíche no aeroporto José Martí é o mesmo em todas as lanchonetes do País. 
Aprovados na imigração, recebemos as malas. Na saída do aeroporto, mas ainda em suas dependências, fomos a uma Cadeca (casa de câmbio) onde compramos “pesos cubanos convertíveis”, ou simplesmente “CUC”, popularmente conhecidos como “chavitos”, moeda local para os turistas (em 2004 o governo cubano proibiu a circulação do dólar no país). 1 CUC equivale a 1 dólar americano. A população local recebe seus salários em “pesos cubanos”, que se abrevia “CUP”, conhecidos também como “cubanos” (1 CUC equivale a 25 CUP). Os preços das mercadorias e serviços estão sempre em CUC e CUP. Levamos euros, pois nos haviam dito que na conversão do dólar norte-americano para o CUC pagaríamos uma “taxa” de 13% no câmbio. Era verdade. 

Enfim, municiados de CUC, tomamos um táxi para o hotel: $31CUC para andar mais ou menos 20 km. No hotel, em Havana Velha (La Habana Vieja), inciamos as tratativas para alugar um carro. No dia seguinte iniciaríamos uma viagem de nove dias pelo interior do País.
 
Não foi fácil alugar um veículo. Já não havíamos conseguido fazê-lo pela internet, nas duas locadoras de Cuba (Cubacar e Havanacar). Mas a recepcionista do hotel quebrou nosso galho. Arranjou um amigo, de nome Yuri, que tem um táxi em Havana e que se dispunha a alugar o carro para nós. Porém, como uma condição: ele dirigiria durante os nove dias.

Inicialmente, ficamos meio contrariados. Afinal, iríamos ter um estranho conosco durante nove dias! Como seria isso? Ele explicou: em cada uma das cidades em que permaneceríamos, ele arranjaria um local para se hospedar. A alimentação também seria pode conta dele. Nós pagaríamos a gasolina e 80 CUC por dia. Oitenta dólares por dia por um veículo médio é caro, mas com motorista, vá lá… Em Cuba, o aluguel de carro é mesmo muito caro.
 
No dia seguinte, na hora marcada, lá estava o Yuri e o seu táxi: um GOLF GTI branco, com ar-condicionado, ano 1992. Pensei comigo que aquele carro iria nos deixar na estrada. O taxista percebeu minha preocupação e adiantou-se: a apelido dele é “tanque”, porque enfrenta qualquer desafio e nunca deixa o artilheiro na mão. Tudo bem, se ele garantia, vamos em frente. Para quem tem uma frota com idade média de cinquenta anos, viajar num carro que tem vinte e sete e como andar num seminovo.
 
E la vamos nós rumo à nossa primeira parada a caminho do Sul da Ilha: a Cidade de Trinidad. 

(Continua no próximo capítulo...)

José Osmar

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