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04/06/2019 - 20h06

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04/06/2019 - 20h06

PMT errou ao colocar paradas de ônibus nos canteiros centrais das avenidas

Na Avenida Kennedy, no trecho que vai do Zoobotânico ao balão do São Cristovão, são 21 sinais em 4 km. Um sinal a cada 200 metros. É um absurdo!

Duas faixas entupidas de carros, enquanto a faixa exclusiva, sem os velhos ônibus.

 Duas faixas entupidas de carros, enquanto a faixa exclusiva, sem os velhos ônibus.

Na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Teresina, no trecho que vai do Zoobotânico ao balão do São Cristovão, são 21 sinais em 4 km. Um sinal a cada 200 metros. É um absurdo!

Paradas de ônibus no canteiro central das avenidas impõem: riscos de vida aos usuários dos coletivos que agora precisam atravessar avenidas; congestionamentos para usuários dos veículos; comerciantes das avenidas prejudicados; pedestres que circulam nas calçadas ameaçados por acidentes e passageiros dos veículos sem espaço para descerem nas avenidas. 

Comerciantes da avenida Kennedy, da avenida principal do Dirceu, Barão de Gurgueia, Miguel Rosa e outras, passaram a ter prejuízos em seus negócios, pois os clientes não podem mais estacionar nessas avenidas e nem trafegar pelos corredores dos ônibus, sob pena de levarem salgadas multas. O resultado disso, é queda das vendas!

Passageiros de veículos também não podem mais descerem nas avenidas, usuários dos ônibus da zona rural estão como baratas tontas sem saber onde vão descer ou pegar ônibus. 

Como se não bastasse o excesso de sinais, o espaço entre os carros particulares diminuiu, isso tornou o trânsito mais lento e os motociclistas espremidos para trafegar entre os carros.     

E tem mais: praticamente, as ciclovias das principais avenidas da cidade foram destruídas e os retornos fechados. O motorista que quiser fazer retorno tem que obrigatoriamente transitar em ruas paralelas e assim poder voltar para a mesma avenida e fazer o trajeto contrário. Outro problema é que as ruas paralelas a Kennedy, por exemplo, não são contínuas. Logo, o motorista que queira seguir, como alternativa, numa rua paralela a kennedy, terá que fazer infinitas voltas, ou seja, gastar mais tempo e combustível para trafegar. 

O certo é que se essa engenharia de tráfego, implantada num período em que nosso país está em recessão, já é geradora de  congestionamentos e outros problemas, imagine se a economia brasileira crescer uns 3% ao ano, com certeza será um colápso! É que não existe ainda uma cultura de uso de coletivos no país, especialmente no nordeste. 

Para complicar a situação, os ônibus vem perdendo cada vez mais passageiros para motos e transportes por aplicativos. Se três pessoas têm o mesmo itinerário é melhor se juntarem e pegar um transporte por aplicativo que sai mais em conta do que o ônibus, além de ser mais confortável e rápido. 

Enquanto isso, a frota de ônibus coletivo em Teresina é velha e cada vez mais reduzida, isto devido a concorrência com as motos e os transportes por aplicativos. Por isso, os corredores exclusivos dos ônibus permanecem o maior tempo vazios, enquanto as vias percorridas pelos veiculos ficam congestionadas, principalmente em horários de picos. 

A Prefeitura de Teresina atrasou tanto na implantação de corredores exclusivos para os coletivos e as estações de passageiros que  agora está implantando esse modelo tarde demais. Errou feio ao colocar paradas de ônibus nos canteiros centrais das avenidas. Isso só daria certo em avenidas largas, com pelo menos quatro pistas de cada lado. 

Acertou apenas em colocar ar condicionado nessas paradas, que aliás a maioria dos usuários está ficando do lado de fora para esperar os coletivos, com medo de assaltos. O certo é que essas paradas deveriam ter permanecido nas calçadas, menores, climatizadas e mais eficientes. 

Em resumo: a prefeitura de Teresina está implantando um serviço de transporte coletivo, numa capital em que ainda não existe uma cultura para andar de ônibus. Os coletivos são velhos e trafegam atrasados, os aplicativos cada vez mais são atrativos como meio de transporte nas cidades e os carros e as motos são sonhos de consumo da maioria do povo que mora na capital piauiense.

Esse modelo de integração dificilmente vai melhorar a mobilidade urbana da capital piauiense. Será se as estações de passageiros serão satisfatórias do ponto de vista econômico para os usuários? Quantos usuários em Teresina serão beneficiados com o bilhete integrado, ou seja, o usuário poder fazer dois trajetos na cidade gastando apenas o valor de uma passagem? Será que os empresários aceitarão isso, diante da concorrência cada vez mais acirrada com o transporte de motos e também por aplicativos?   

Quem viver, verá! 
 

Marcelo Cardoso

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