A cidade ganha do ponto de vista democrático, pois o revezamento de poder, a troca de grupos políticos no comando do executivo, é saudável. Oxigena a administração pública, projeta novos gestores públicos e abre possibilidades para o surgimento de novas lideranças políticas. 

Durante a campanha eleitoral, os principais adversários de Dr. Pessoa - os tucanos - pregaram à exaustão a probalidade de, a partir de janeiro de 2021, se instalar um caos administrativo no Palácio da Cidade. Com  certeza, um alarde exagerado, resultante de egos inflados pelo longo período de permanência - 34 anos - que os tucanos tiveram a frente do executivo municipal.

Aliás, essa soberba foi uma das principais causas da derrota do PSDB em Teresina. Basta ver que o prefeito Firmino Filho, fez neste seu quarto mandato um dos que mais realizou obras na cidade. O problema é que fez isso sem dialogar com a sociedade, com quem pensa diferente dele, sem ouvir as organizações populares, empresariais, as universidades. O maior exemplo é o Inthegra, que desagradou todo mundo e hoje corre o risco do investimento de meio bilhão reais ser jogado na lata de lixo.

Dr. Pessoa tem pela frente uma das maiores responsabilidades de sua vida. É desafiado a manter serviços que vem dando certo e, diferente dos tucanos, é convocado à aproximar e compatilhar as decisões da prefeitura com o povo, ser mais transparente, ouvir mais as organizações populares e empresariais, não se fechar como dono da verdade e direcionar o orçamento para áreas sociais que precisam de mais atenção e carinho.

A capital piauiense é carente de creches; obras de infraestrutura, como galerias para escoamento de águas; de projetos de geração de renda para famílias carentes; melhoria dos serviços de saúde, de um melhor planejamento e eficácia dos transportes coletivos, de regularização fundiária, etc. 

Alguns cientistas políticos comparam a espontaneidade, o jeito, do Dr. Pessoa com a de Mão Santa e até fazem premonições de que sua futura gestão será desorganizada, pouco eficiente, que atrasa pagamento de servidores e de fornecedores e vai terminar em politicagem e mergulhada em desvios de recursos públicos. 

Mão Santa, em 1994, derrotou o grupo comandado pelo PFL que estava no governo estadual há quase duas décadas. Em 2020, Dr. Pessoa derrotou o PSDB que estava no comando da prefeitura de Teresina há mais de três décadas. Mão Santa terminou descambando para o populismo e esqueceu de segurar as rédeas administrativas do seu governo. Seu final foi melancólico, foi cassado por corrupção e, sobretudo, porque seu discurso populista - besteirol - exauriu, não tinha mais nada oferecer de novo. 

A eleição de Mão Santa encerrou um ciclo de governos estaduais distantes do povo, feitos de cima para baixo, sem participação popular, de realização de obras só as vésperas de eleição. Mão Santa pecou pela desorganização, ao querer administrar sem planejamento e estratégias de desenvolvimento social e econômico. Pecou ao não por fim e alimentar o assistencialismo, ao deixar de executar projetos produtivos e fazer uso descarado da máquina pública nas campanhas eleitorais. 

Dr. Pessoa tem a sorte de ter a referência do que foram as duas gestões de Mão Santa no governo estadual e de como foram as gestões do PSDB em Teresina. Seu desafio é copiar o que deu certo, não repetir os erros cometidos e apontar para uma gestão mais moderna, participativa, transparente, eficiente, de resultados, tocada por novos gestores públicos, compromissada com as famílias que mais precisam das obras e serviços públicos municipais.