Outro dia conversava com um amigo sobre uma viagem que ele fizera à Alemanha em 2018. Contava-me, indignado, que numa dada noite foi a uma pizzaria bem próxima ao hotel onde estava, em Berlim, comprar uma pizza para levar pro apartamento. A garçonete lhe perguntou o sabor da pizza e se ele queria ketchup, maionese e mostarda. Ele quis ketchup e maionese. A moça insistiu: queria saber quantos sachês de ketchup e de maionese. Intrigado e meio irritado, ele disse: cinco de cada um! Quando a conta chegou, estavam lá especificados os preços da pizza e de cada um dos sachês de ketchup e de maionese. Ele achou um absurdo ter que pagar por fora o condimento da pizza, e soltou um palavrão contra os alemães. Eu perguntei se eles haviam comido todo o ketchup e a maionese. Os sachês eram grandes e havia sobrado dois ou três de cada um. Lembrei dessa história porque justamente hoje vi na nossa geladeira uma vasilha de plástico cheia de sachês de ketchup, maionese e mostarda. Toda vez que pedimos pizza eles nos mandam vários sachês. Ninguém me pergunta se eu quero e quantos quero desses acompanhamentos. Já estão no preço da pizza. São jogados na sacola automaticamente. Por isso, sempre sobram e minha mulher os põe na geladeira, como se na próxima pizza não viessem outros tantos. Hoje coloquei quase duas dezenas deles no lixo. Meu coração fica pesaroso sempre que sou obrigado a jogar comida fora, quando existe tanta gente com fome neste mundo! Eu expliquei pro meu amigo que os alemães estão certos. Cada sachê desperdiçado é um custo que é pago por todos os consumidores de pizza, mesmo aqueles que não gostam de ketchup. Apesar de serem pequenos, a soma do que é jogado fora em todo o Brasil deve atingir várias toneladas por mês. Então, é justo serem cobrados por fora, para que ao menos por eles só paguem os que gostam e os que os desperdiçam. Embora o correto mesmo seja a conscientização de cada um de nós, de que devemos evitar os desperdícios. A cultura do desperdício precisa ser combatida em nossas casas e por meio de uma ação governamental nas escolas, com uma disciplina específica para as crianças, mostrando a elas que o alimento que jogamos fora é o mesmo que falta na mesa do próximo. O inverno alemão é rigoroso, com muita chuva e frio. Então, as mães alemãs ensinam às crianças desde cedo que se elas não comerem tudo, vai chover. Os pequenos limpam os pratos, porque não querem a chuva. Meu amigo ficou pensativo mas não se deu por vencido: disse que eu estava igual formiga de correição, me preocupando com ninharia. Cultura é cultura… FELIZ 2021 PARA TODOS NÓS!!!