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Domingo, 19 de maio de 2024
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José Osmar

José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

14/01/2021 - 10h45

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José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

14/01/2021 - 10h45

Descanse em paz, Genival!

 

A música brasileira está mais pobre: morreu o cantor Genival Lacerda, aos 89 anos, vítima da Covid-19. Eu me recordo do seu primeiro grande sucesso: Severina Xique Xique. O ano era 1975. "Quem não conhece Severina xique xique que botou uma butique para a vida melhorar/Pedro Caroço, filho de Zé da Gamela, passa o dia na esquina fazendo aceno pra ela/Ele tá de olho é na butique dela." A letra simples, o refrão com duplo sentido, o ritmo dançante do forró levou o músico a "estourar" nas paradas de sucesso. Teve vários outros grandes sucessos, como "Mate o veio", "O chevete da menina", "O jegue milionário"... Uma canção gravada por ele em 1979, "Radinho de pilha", relata a história de um nordestino que foi trabalhar no Rio de Janeiro, economizou e mandou um rádio de pilha pra mulher, no Nordeste. Ela, no entanto, 'deu o rádio' pra alguém. A letra, como sempre, tem duplo sentido. Lamentando o desprezo da mulher e decidido a se vingar, lá pelas tantas ele diz: "Tem mulher que só aprende quando o coro desce/Pra gente ficar empate eu vou lhe dar uma sova/Pois o rádio que eu comprei todo mundo já conhece. "Hoje certamente essa música seria censurada. Na época, foi um grande sucesso, arrancando o riso das plateias, a 'aprovação' tácita do público masculino e a indiferença das mulheres. Provavelmente, o artista nunca pensou que sua música, tão ingênua, pudesse contribuir para a opressão e violência contras as mulheres. Era o espírito daqueles tempos... Descanse em paz, Genival!

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