Por que os homens vão à guerra?. Esta é uma pergunta com múltiplas respostas. Vamos à guerra pela sobrevivência, pela cobiça, pela honra, pela solidariedade, pela loucura ou para restabelecer a razão. As guerras de um povo contra si mesmo são chamadas ‘guerras civis’. E como se cria o ambiente para uma guerra civil? Bom, assim como numa família os irmãos são diferentes, também entre os povos que compõem uma nação acontece o mesmo. No caso do Brasil, somos um povo formado por índios, europeus e negros. A mesma composição dos Estados Unidos.

Nenhuma dessas etnias conseguiu absorver totalmente a outra, ainda que tenha havido um grande esforço do branco europeu de aniquilar os indígenas brasileiros, seja pelo extermínio puro e simples, seja pela miscigenação (brancos procriando com índios). Com relação ao elemento negro, não houve nenhum esforço deliberado para sua absorção por parte do elemento branco, ainda que tenha havido uma significativa procriação entre o branco proprietário e suas escravas negras. 

Observando a situação do Brasil, hoje, temo que estejamos a um passo de uma guerra civil: etnias distintas com a mesma nacionalidade e que, no entanto, estão miseravelmente tão distantes entre si social, cultural e economicamente. Isso não pode dar certo para sempre. A eleição do Bolsonaro era o ingrediente que faltava para as elites nacionais completarem sua obra de exclusão total dos pretos e dos indígenas (ou seja, dos pobres e das minorias) de qualquer participação cidadã na vida nacional: um elemento desprovido de sentimento humano dirigindo a nação. A pandemia pode ter trazido o pretexto que faltava, quando as hordas famintas começarem a cometer atos “subversivos” de saques e quebra-quebra. 

Os EUA já fizeram a sua guerra civil e estão na iminência de fazerem a segunda. A nossa primeira, adiada por tanto tempo, pode estar à espreita e, se vier, será uma guerra pela sobrevivência. Que Deus nos proteja!