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Sabado, 18 de maio de 2024
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José Osmar

José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

22/04/2021 - 07h33

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22/04/2021 - 07h33

Ideias para enfrentar a pandemia em União

Promotor Zé Osmar foi candidato a prefeito de União-PI em 2020

 Promotor Zé Osmar foi candidato a prefeito de União-PI em 2020

Meus amigos, recebi hoje (21/04/2021) um vídeo do vereador FEITOSA no qual ele pergunta a alguns comerciantes de União o que estão achando do fechamento do comércio decretado pelo prefeito. De todos os entrevistados ouve-se a mesma reclamação: o prefeito está errado, porque só os comércios pequenos estão fechados; grandes comércios, como os bancos, os supermercados e as farmácias, continuam abertos. Os entrevistados e o vereador FEITOSA acham que isto é uma medida errada e injusta, uma vez que nos comércios pequenos não entram muitas pessoas, logo, as aglomerações acontecem é justamente nos grandes estabelecimentos.
 
A iniciativa do vereador é louvável, do ponto de vista de puxar a discussão do problema, discussão que deve ser feita exatamente na Câmara de Vereadores, cujos integrantes representam o povo. De fato, fechar apenas uma parte do comércio não resolve nada. E digo mais: ainda que fechem todos os comércios de União, se não houver um controle rigoroso da entrada de pessoas na cidade, de nada adiantará. Um lockdown mal feito como esse que estamos vendo em União, além de não prevenir a doença, contribui para agravar mais ainda as dificuldades econômicas das pessoas.
 
O sucesso do combate a uma pandemia como a covid requer dedicação do prefeito vinte e quatro horas por dia, um compromisso efetivo com a saúde do povo. A população precisa sentir que o seu líder está com ela de corpo e alma, em todos os momentos, e que para ele nenhuma morte é aceitável. O prefeito deve assumir com o Município um compromisso de trabalho e de envolvimento emocional com seu o povo, como se fossem, prefeito e povo, uma família. Quando o líder consegue identificar-se com as emoções de sua gente,, esta o segue aonde quer que ele vá, e faz o que for preciso para superar as crises. A história está cheia de exemplos de que a emoção coletiva, quando canalizada para o bem, opera verdadeiros milagres.

Então, o único caminho que vejo para combatermos a covid em União é organizarmos um grande esforço coletivo envolvendo o Poder Público e todo a população. Precisamos testar para covid pelo menos a metade dos habitantes do Município; isolar imediatamente todos os que testarem positivo, ajudando as famílias (financeiramente) a cumprirem a quarentena; fazermos busca ativa pelos possíveis doentes; ‘fecharmos’ as nossas fronteiras, exigindo teste rápido para todos os que entrarem no Município, com medição da temperatura, uso de máscaras e distribuição de álcool em gel; buscarmos uma ação coordenada com Teresina, José de Freitas, Lagoa Alegre e Miguel Alves, além de uma campanha publicitária massiva sobre os perigos da doença e as formas de prevenção.

Mas isso infelizmente não está acontecendo. Só um exemplo para ilustrar o descaso como está sendo tratada a questão da covid em União: na sexta-feira, dia 09/04/2021, uma senhora de 62 anos, moradora do povoado Liberdade, deu entrada no hospital de União com sintoma de covid; feito um teste rápido, deu negativo; diante do resultado, o médico resolveu interná-la e no dia seguinte mandar para Teresina, para fazer testes mais específicos; para isso, era preciso aguardar a liberação de uma senha; como a liberação estava demorando, a família decidiu levar a paciente pra casa, resolvidos a arrumar dinheiro para fazer os exames numa clínica particular; para saírem do hospital, no sábado de manhã, uma enfermeira exigiu apenas que a família assinasse um termo de responsabilidade pela retirada da paciente; o documento foi assinado e todos retornaram para casa; porém, no início da madrugada de segunda-feira, dia 12/04/2021, a paciente teve uma crise de falta de ar e morreu a caminho de União; no hospital, foi atestada a causa do óbito como sendo “morte súbita”; o caixão já estava dentro do carro da funerária quando chegou o pessoal da Vigilância Sanitária; ao lerem que a mulher falecera de “morte súbita”, embora tudo levasse a crer ter sido de covid, os técnicos se limitaram a aconselhar a família a não fazer velório. Resultado: a mulher foi enterrada sem que a Prefeitura tenha certeza sobre a real causa da morte. Se foi covid, a probabilidade de muitas pessoas da Liberdade estarem contaminadas é enorme, além do risco de a doença se espalhar para outras comunidades vizinhas. Então, eu pergunto: como uma paciente sob sérias suspeitas de está com uma doença altamente contagiosa e letal como a covid pode ser liberada do hospital simplesmente porque a família decidiu que ia fazer isso?! A Lei Federal nº 13.979/2020 e a Portaria Conjunta nº 5/2020, dos Ministérios da Justiça e da Saúde, não permitem tal liberação.
 
É preciso que os governantes assumam suas responsabilidades com relação à saúde pública. E no caso da covid, não está no querer do paciente ou da família sair do hospital e ir para casa, porque isso põe em risco a própria família e a comunidade. Mas foi exatamente assim que se deu com a paciente da Liberdade. Se tivesse ficado no hospital, provavelmente estaria viva. Exemplo maior de descaso da Prefeitura para com o nosso povo não pode haver.

É óbvio que a prática é quase sempre diferente da teoria, mas eu tenho certeza que se o povo de União tivesse me confiado a administração do nosso Município a história do combate a essa pandemia hoje seria bem outra, e muito provavelmente nós não estaríamos fazendo lockdown, pelo menos não na forma desorganizada e injusta como está sendo feito.

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