

É sabido que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, entregou o Brasil ao PT, em 2003, em quase petição de miséria: desemprego e inflação em dois dígitos, dívida com o FMI, abandono total de obras em infraestrutura e uma população miserável que não foi salva pelo Plano Real. Isso tudo foi chamado de herança maldita.
Passados 13 anos, o PT vai pagando imensos pecados. Um deles foi dar continuidade ao esquema corrupto de captação de recursos para campanhas eleitorais e abastecimento do cofre de partidos, alguns nem tão aliados assim. Os tucanos promoveram o adversário ao cargo de inventores da roubalheira, como se no tempo deles reinassem, absolutas, a transparência e a honestidade.
FHC foi esperto. Buscou proteção na Procuradoria-Geral da República com a indicação de engavetadores, tinha a Polícia Federal nas mãos e aprovava o que queria no Congresso Nacional (inclusive a valiosa emenda constitucional que garantiu o direito à reeleição).
Ao Supremo Tribunal Federal (STF), só indicou ministros inteiramente leais. Aquele que sobrou, Gilmar Mendes, é o retrato de um passado nada republicano na relação com instituições que investigam, denunciam e julgam. Ele é, descaradamente, um político disfarçado de magistrado. Acossa o PT em entrevistas (como gosta de se manifestar fora dos autos) e criminaliza o partido até quando não é o partido que está em julgamento.
Caso da ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) há cinco anos contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Mendes acusou um conluio entre a entidade e o PT para desfavorecer as demais agremiações com a implantação do financiamento público.
O presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, que já militou no PT, não subscreve a ação. O autor é o ex-presidente Ophir Cavalcanti, um radical antipetista. O ministro tem essa informação, mas passou cinco horas falando, falando e falando depois de segurar o voto por mais de um ano.
O professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas Rubens Glezer afirma no artigo "O STF e seus ministros parlamentares" (publicado pelo Estadão): "Desabafos políticos são importantes, mas são cabíveis apenas em dois edifícios da Praça dos Três Poderes."
Mauro Sampaio
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