Rafael Fonteles se destacou no uso equilibrado do discurso, na precisão e objetividade, enfrentou com pragmatismo político as perguntas da bancada, não apresentou pausas ou vícios retóricos de insegurança.
Há, sem dúvida, competência comunicativa em sua fala. contudo, em rápida etnografia ao seu discurso, percebi o uso corrente do adjetivo “natural”, e do advérbio “naturalmente”. Sabe-se, por meio de algumas epistemes, que, saindo do campo da natureza, do biológico e adentrando ao universo da cultura, onde se encontra a volúpia política, nada é natural ou ocorre naturalmente, tudo se dá por meio de construção, de percepção e articulação prospectiva.
Rafael, como político, deveria atentar a isso, para não incorrer em platitudes como “é natural que o adversário de Lula seja um bolsonarista”; “naturalmente Lula será candidato em 2026”; “é natural que eu seja candidato”; “é natural que haja divergências e insatisfações”; “é natural que o campo cristão prevaleça”; “é natural… ; “é natural …” fora do imperativo orgânico, nada é natural na cultura humana.
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Feliciano Bezerra é professor doutor da Uespi - nas redes sociais.
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