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Sexta-feira, 06 de junho de 2025
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05/06/2025 - 08h12

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05/06/2025 - 08h12

Quem paga a suruba dos mais ricos?

 

Só em renúncias fiscais, privilégios atingem R$ 800 bilhões (Foto: Agência Brasil)

 Só em renúncias fiscais, privilégios atingem R$ 800 bilhões (Foto: Agência Brasil)

O Congresso veste o macacão de bombeiro das contas públicas, reclamando dos incêndios do governo. Quando as câmeras são desligadas, ele tira o macacão e volta para a grande suruba dos mais ricos, do qual participam sortudos dos setores público e privado. No final, quem limpa a sujeira são sempre os pobres, usando seu salário mínimo como esfregão.

Tiago Mali, do UOL, trouxe um exemplo da suruba, um projeto aprovado pela Câmara e em análise no Senado, que institucionalizaria mais de R$ 7 bilhões em penduricalhos recebidos pelo Poder Judiciário.

Deputados e senadores sequestraram parte do orçamento nacional, obrigando o Poder Executivo a enviar bilhões em emendas para suas bases eleitorais. 

Dizem que privilégios do setor público, vistos como direitos adquiridos por quem deles se beneficia, serão atacados pela reforma administrativa. Ahã, Cláudia, senta lá.

Enquanto isso, quem ganha mais de R$ 600 mil por ano via dividendos de empresas paga menos imposto que alguém que recebe três salários mínimos por mês. 

Isso sem contar os benefícios e renúncias fiscais. É claro que nem tudo pode ser cortado nesse bolo de R$ 800 bilhões. Mas há sim coisas que poderiam ser reduzidas se houver vontade política, apesar do que dizem os cínicos de plantão. 

Mas quando se fala em reduzir as gratificações que o Brasil paga a seus ricos, seja através da isenção de dividendos ou nas renúncias fiscais, uma galera criada no leite de pera brada aos quatro ventos que isso é aumento de imposto, que o Brasil não aguenta mais, que o capital vai fugir para fora, que o Godzila vai destruir a civilização ocidental. Compreende-se, é defesa da própria classe. O que me surpreende é que o argumento é comprado e repetido gostosamente por um pessoal que foi criado no Leve Leite.

Sobra o que como a grande solução nacional? Acabar com a valorização do salário mínimo acima da inflação. Ou desvincular o mínimo de aposentadorias, pensões e benefícios sociais. Sim, os R$ 1.518 viraram o novo número da besta.

Já disse aqui um rosário de vezes que apenas cortar privilégios dos mais ricos não vai resolver o problema. Mas começar o ajuste pelos mais pobres, de novo, é uma sacanagem.

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Leonardo Sakamoto, jornalista - nas redes sociais.  


 

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