Numa das edições do SALIPI, decidimos homenagear os artistas populares. Foram convidados, entre outros, Pedro da Rabeca, Mestre Agenor, Sebastiana da Sanfona e Pedro Macaquinho.
No dia da apresentação do Macaquinho, às 5 da manhã, eu já estava no terminal rodoviário para recebê-lo. Pedro desceu do ônibus, meio trôpego, amarrotado. Quando me viu, gritou: “Ô meu bichim, abaixo de Deus, só tu pra me socorrer. Meu bichim, arruma um caché bom pra mim. Tô com dor na titela e folgo curto”. Perguntei se queria ir a um médico, ele descartou. Levei-o para minha casa. Banhou-se, tomou café e dormiu a manhã inteira.
Na hora do almoço, comeu como um padre em desobriga e voltou a dormir.
No final da tarde, fomos ao local da apresentação, na entrada do Theatro 4 de Setembro. Pedro Macaquinho chegou arrastando-se. Preocupado, recorri a são Gisleno Feitosa que o levou a uma clínica. Pedro estava a caminho de um enfarto. Medicado, voltou, cantou, dançou, fez algumas macaquices, mas sem o brilho costumeiro. Um mês depois, estava morto.
Deixou um CD (gravado num estúdio de fundo de quintal) “The best of Pedro Macaquinho”.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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