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Domingo, 16 de junho de 2024
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24/06/2013 - 10h31

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24/06/2013 - 10h31

Em 3 jogos, Taiti fez 1 gol e sofreu 24 na Copa das Confederações

Apesar de tudo isso, caiu nas graças de um povo.

 Fifa

 

Cinco minutos do segundo tempo. Gilbert Meriel, goleiro do Taiti, está diante do maior desafio de sua carreira. A sua frente, Andrés Scotti, experiente meia uruguaio que já jogou na Rússia, no México e na Argentina, se prepara para uma cobrança da marca dos 11 metros. O arqueiro polinésio, que, aos 26 anos, nunca recebeu um salário por jogar futebol, toma impulso com as pernas, se atira para o lado esquerdo... e defende o pênalti.

Alguns segundos depois, estimulado pela espetacular defesa do companheiro, Steevy Chong Hue se lança em corrida desenfreada pela lateral esquerda. Ele se livra do primeiro, do segundo e até do terceiro defensor uruguaio, e, mesmo sem conseguir marcar, recebe a maior ovação de sua vida. "Choooong Heee-uuu", brada a multidão, com erro de pronúncia incluído.

O Taiti perdeu seus três jogos na Copa das Confederações da FIFA Brasil 2013, marcou um gol e sofreu 24. E, apesar de tudo isso, caiu nas graças de um povo.

Que a experiência não termine
Uma hora depois, acompanhados do maior craque do conjunto, Marama Vahirua, os dois deixam o vestiário. São os últimos a sair. "Não queremos que esta experiência termine e que precisemos voltar para nossas vidas diárias", confessam ao chegar à área onde o FIFA.com os aguarda para entrevistá-los com exclusividade. Quase tremendo de emoção, não hesitam em contar as aventuras desses dias mágicos no Brasil.

"É uma coisa incrível escutar toda essa gente cantando seu nome em coro", diz Chong Hue. "Nem no Taiti isso aconteceu! A torcida brasileira foi espetacular, especial. Nós nos sentimos imediatamente identificados porque somos como eles. Não nos pagam para jogar, e é mais ou menos como se os representássemos. Se eu pudesse ficar com alguma coisa, seria com esse carinho", afirma o atacante de 23 anos, cujo gol diante da Nova Caledônia, na final da Copa das Nações da Oceania, classificou a seleção taitiana para o Festival dos Campeões.

Meriel concorda, mas também ressalta um momento dentro de campo: o do pênalti defendido. "No momento em que o vi se posicionando, sabia que bateria naquele lado, e me atirei sem pensar. Por sorte, consegui fazer a defesa. Sei que levar oito gols parece muito e ninguém pode sair feliz com uma derrota, mas ver essas pessoas curtindo tanto com você é uma satisfação difícil de igualar", garante o goleiro, que, junto aos companheiros, ficou um bom tempo em campo depois do fim do jogo em Recife com bandeiras brasileiras e uma faixa que dizia "Obrigado, Brasil".

Futuro promissor
"O Taiti é uma equipe complicada no ataque. Tem velocidade e um bom goleiro." As palavras de Diego Lugano, capitão uruguaio, ao terminar o encontro entre ambas as seleções, sem dúvida contarão com o apoio de outros comentaristas igualmente qualificados para falar sobre o tema. Por isso, tanto Meriel quanto Chong Hue esperam que sua participação na Copa das Confederações da FIFA seja o início de outra aventura igualmente enriquecedora.

"Meu sonho é virar profissional", diz o atacante, que esteve a ponto de torná-lo realidade há um ano. "Um clube belga estava interessado em mim, mas tive problemas com o contrato e, no fim, não deu", lamenta. Para seu companheiro, a ideia de sair do Taiti é também bastante tentadora. "Eu adoraria. Infelizmente, o Taiti fica longe e não existem muitos olheiros ou empresários que prestem atenção em nós. Mas existe talento na ilha, assim como nesta equipe, é claro. O que nos falta é experiência internacional. É preciso reconhecer que somos inocentes demais dentro de campo."

Como o assunto é este, os dois jogadores explicam quais foram as principais diferenças que notaram entre o selecionado taitiano e seus ilustres adversários no Brasil 2013. O primeiro a falar é Meriel. "Sem dúvida existem diferenças, mas conhecemos alguns detalhes técnicos que valeram a pena. Depois, porém, sofríamos gols inteiramente por nossa culpa. Precisamos continuar jogando contra adversários de qualidade para poder subir de nível." Chong Hue vai além: "Estamos falando das melhores seleções do mundo. Imagina só, jogamos contra nossos ídolos! Estávamos em desvantagem tanto física quanto tecnicamente, mas vamos trabalhar duro", assegura.

Sonhos e trabalho, os ingredientes do sucesso e também de algumas fantasias que talvez se transformem em realidade em um futuro não tão distante. "Seria ótimo estar no videogame da FIFA, mesmo que fosse só com meia estrela!", brinca o atacante, camisa 13 do Taiti. "Já pensou? E que modelem nossos rostos como os de Messi ou Cristiano Ronaldo", completou o amigo, com o bom humor e a alegria que acompanharam o Taiti em sua inesquecível aventura pelo Brasil 2013.

Fifa

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