

A quem Jesus chamaria para segui-lo se voltasse ao mundo terreno, os deputados evangélicos ou a travesti atriz que representou a crucificação na parada gay de São Paulo para denunciar a homofobia?
Conta a Bíblia que Jesus expulsou os vendilhões do templo. Nas suas andanças e na agonia da cruz, abraçou desvalidos e humilhados.
Mais de dois mil anos depois, os vendilhões continuam se apropriando da insegura humanidade para abrir igrejas e partidos e pregar o pior do totalitarismo: sem eles, não há caminho, verdade e vida.
Hermes C. Fernandes, o bispo primaz da Rede Internacional de Amigos Reina, uma igreja incomum, argumenta no artigo "Ofendido com o transexual crucificado na Parada Gay?":
Obviamente que políticos evangélicos que têm sido eleitos em cima desta guerra idiota vão aproveitar ao máximo o episódio para se auto-promover. Quanto mais animosidade entre cristãos e gays, melhor para eles. Só não vê quem não quer.
E Jesus, será que Se ofendeu? Ora, se Ele foi capaz de rogar perdão por aqueles que o crucificavam pra valer, duvido muito que não tenha relevado o que não passou de uma representação artística. Não creio num Jesus ranzinza, insensível e incapaz de compreender nossas idiossincrasias e incongruências. Creio que do alto céu, Ele olhou com misericórdia aquelas milhões de pessoas que desfilavam na Avenida Paulista como ovelhas que não têm pastor.
Tem razão o músico Chico César: quem se apropria hoje de Jesus, faria da vida dele um inferno se, por um milagre, retornasse em carne e osso.
Mauro Sampaio
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