

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou no Twitter que a presidenta Dilma Rousseff atentou contra o "bom funcionamento do Poder Judiciário" e cometeu crime de responsabilidade ao se defender das acusações de um dos delatores da Lava Jato de que teria doado dinheiro sujo para a campanha da petista.
Dilma assumiu a responsabilidade pela lisura das doações de 2014 ao seu comitê e chamou o empresário Ricardo Pessoa, da UTC, de mentiroso: "Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro porque não houve. Segundo, se insinuam, alguns têm interesses políticos."
Ao PT, foram doados R$ 7,5 milhões. Para Aécio Neves, do PSDB, R$ 8,7 milhões. Ambos, declarados à Justiça Eleitoral. Só o do PT teria como fonte a roubalheira na Petrobras? Por isso, ela não "respeita o delator".
Joaquim Barbosa quer calar Dilma Rousseff com uma argumentação arrogante, típica da época em que relatou o mensalão e presidiu o STF. Qual o atentado ao "bom funcionamento do Poder Judiciário" nas declarações da presidenta? Absolutamente nenhum.
Numa democracia, os três poderes podem ser contestatos em suas decisões. Mesmo um sentenciado tem o direito de manifestar indignação e afirmar que, apesar da condenação, é inocente. Quanto mais uma pessoa que nem mesmo é investigada. Se Barbosa pode dizer o que bem entende, todos podem. Ou, então, o Judiciário dele não respeita o contraditório.
Mauro Sampaio
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