Afirma-se, de acordo com a doutrina da Cristologia, que Jesus Cristo tem duas naturezas, sendo homem e Deus ao mesmo tempo - união hipostática. Quando teve que tomar decisões, inerentes à natureza humana, vacilou duas vezes. De sua infância, sabe-se pouco. 

Flávio Josefo, historiador judeu do século I, evangelistas, e outros, afirmam que Jesus iniciou sua vida pública após os trinta anos, começando pelas bodas de Caná. Não obstante muita  simbologia, foi festa grande, com comida e vinho a balde (expressão de hoje). Maria, vendo que o vinho havia acabado, aproximou-se de Jesus, e disse: "Eles já não têm vinho". (João, 2, 3). Ele respondeu: "Mulher, que tenho eu e tu com isso? Ainda não chegou a minha hora". (João, 2, 3). 

Um milagre, àquela altura, poderia funcionar como um sinal da própria divindade, e o início de Sua morte. A "hora", obviamente, se refere à Cruz. No momento em que se apresentasse como Filho de Deus, atrairia para Si o ódio, a inveja, e o jogo seria jogado. 

A vida pública é assim: geralmente suscetível à avaliação negativa. O discurso do Nazareno abalava os alicerces do poder econômico e social dos sumos sacerdotes. Em obediência a Maria, foram servidos aos convivas mais cerca de seiscentos litros de vinho, da melhor qualidade. Começava, ali, Sua rendição.

*****
Flávio Nogueira é médico e deputado federal (PDT-PI).