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Sabado, 18 de maio de 2024
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José Osmar

José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

25/06/2021 - 07h37

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José Osmar

joseosmaralves@hotmail.com

25/06/2021 - 07h37

VIVA SÃO JOÃO !!!

 

Na noite de São João a gente convidava os vizinhos, acendia uma fogueira, assava milho verde, batata-doce e abóbora, fazia pamonha, doce de coco e outras coisas mais, organizava uma quadrilha de improviso e a festa ia quase até o amanhecer.

Lá pelas tantas a gente passava fogo. Era mais ou menos assim: “São João disse, São Pedro confirmou: que fulano tem de ser meu compadre, que Jesus Cristo mandou”. O ritual se repetia três vezes, um segurando a mão do outro sobre algumas brasas da fogueira, mudando de lado a cada repetição. Concluído o ritual, os novos compadres (ou comadres) se abraçavam e, a partir dali, passavam a ter respeito e consideração um pelo outro até o final da vida. Era tudo tão simples e puro: um sanfoneiro simples, uma gente humilde e temente a Deus.
 
Quando criança, eu gostava demais! Sem entender o significado de tudo aquilo, eu só queria aproveitar a festa e comer as comidas gostosas. Depois, adolescente, comecei a prestar atenção nas meninas, todas já grossinhas, algumas bem jeitosinhas, os rostos iluminados pelas chamas da fogueira… Foi por esse tempo que eu descobri que as festas juninas são uma homenagem ao profeta João Batista, filho de Izabel, prima de Maria, mãe de Jesus, e ao apóstolo Pedro. Então, eu entendi tudo: a gente passava fogo porque Jesus Cristo mandava; São João e São Pedro eram os portadores da ordem e testemunhavam o compromisso, que não podia ser quebrado. Tudo isso contribuía para a harmonia da comunidade. Quem não era parente, era compadre de filho ou de fogueira. Criava-se assim uma teia de relações sociais que se consolidava ao longo do tempo, contribuindo para a paz social, um mundo quase sem violência.
 
Hoje, nossas quadrilhas são grandes companhias, quase profissionais; desfilam coreografias ensaiadas para ganhar troféus; exigem cada vez mais recursos financeiros, quase destruindo a beleza ingênua e santa das festas juninas do sertão, quando se ouviam canções como esta: “Ai que saudade que eu sinto das noites de São João/Das noites tão brasileiras, nas fogueiras/sob o luar do sertão/meninos brincando de roda/velhos soltando balão/moços em volta à fogueira/brincando com o coração/eita São João dos meus sonhos/eita saudoso sertão”. 

Viva São João!!!

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